Não foi Iris Rezende que tirou (pelo menos por enquanto) Júnior Friboi do jogo sucessório em Goiás. Foi a política.
O tempo todo, Iris foi o que é: animal político por excelência, como já se definiu. Jogador de xadrez como pouquíssimos no Estado, onde o que mais se vê é jogador de dama.
Bom jogar dama? Xadrez político é para poucos.
Ilusão de quem achava que Iris seria derrotado pela força, pela contundência de frases de efeito, ou porque está velho.
Ele principalmente se sobressaiu e manteve hegemonia no PMDB por sua habilidade. Ninguém se estabeleceu acima dele porque não chegou lá, e não porque, raciocínio raso, “ele não deixou”.
Assim como ele não chegou onde chegou porque alguém deixou. Política é ocupação de espaço. E preservação.
Nesta pré-campanha, impensável atribuir a Iris uma situação que fala por si mesmo. Júnior lutou, e lutou com competência em um primeiro momento (já que conseguiu), para ser o nome do PMDB.
Vencida a guerra interna, ele desiste?
O dia seguinte era o que poderia coroar o empresário. A administração da vitória. Mas o eliminou. Isso é Iris. Isso é política.
Como se o governador Marconi Perillo (PSDB) permitisse sombra a ele em sua base. Como se José Serra estivesse disposto a entregar fácil o osso do tucanato nacional.
Como se Lula topasse abdicar do poder de definir o nome do candidato a presidente, prefeito e govenador de São Paulo.
Basta ver como os aliados de Friboi estão sem rumo para que fique claro que o chão que fugiu foi o da política.
Júnior deu um passo fora e todos, como no balanço, se viram de repente catapultados para o alto. A pré-candidatura natimorta do deputado estadual Daniel Vilela fala por si.
Daniel não caiu no conto de um lançamento bombástico ao governo. Tem uma candidatura a deputado federal para cuidar.
Sandro Mabel pré-candidato a governador contra Iris no PMDB? Este, o que tem a perder?
Mas isso é o que há, o que é. O que fazer? Este é o ponto.
O dia seguinte de Iris é transformar a confusão armada no PMDB em fator de união e força partidária.
O PMDB está perdendo mais uma para si mesmo. Está novamente elegendo Marconi Perillo. Iris precisa começar a ganhar aí: mostrando que outubro é maior que a convenção em junho. Com Júnior, de preferência.
O que andava errado no PMDB não era a guerra interna, porque disputa interna todo partido tem. Não era o argumento do excesso de dinheiro – necessário em uma campanha – contra o excesso de virtuosismo – importante no palanque. Porque tudo que não conspira contra, age a favor.
O errado é o partido partir-se ao meio, se é que podem me perdoar o trocadilho.
O PMDB só ganha se estiver unido, se estiver vitaminado nas suas virtudes. As feridas estão abertas nas duas trincheiras, e não apenas de um lado. Mas o remédio não está no ninho tucano.
A prevalência dos defeitos é derrota certa, pra variar.
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Não há motivo para o PT não dizer que Antônio Gomide segue candidato a governador.
Gomide faz a sua parte. Anda Goiás e mostra disposição. É o novo se apresentando.
Ninguém tira de Gomide, hoje, a convicção de que pode se viabilizar.
Mas vai longe sozinho?
A mesma pergunta deve-se fazer a Vanderlan Cardoso, do PSB.
Vanderlan aparece bem nas pesquisas. Tem projeto de governo engatilhado. Gente disposta a defendê-lo de forma espontânea.
Mas até onde é capaz de ir com uma chapa de candidatos a deputado fraca, pouco tempo de televisão e recursos de menos na campanha?
Este é um momento de afirmação para Vanderlan e Gomide.
É quando, mais do que dizer que mantêm a candidatura, precisam mostrar que são capazes de ir até o fim.
É quando, mais do que negar possível capitulação em relação a Iris – por questões nacionais, que seja –, precisam apresentar perspectiva real de vitória.
Feito isso, a Iris fica ônus igual: até onde vai sem eles, ou um deles pelo menos, na chapa?
Por ora, no entanto, os três parecem mais dispostos a derrotar um ao outro do que ao verdadeiro adversário: Marconi Perillo.
Como se, mais do que ganhar a eleição, importa mesmo é passar na convenção – e que o outro ‘também’ perca em outubro.
O problema não são as candidaturas postas, mas o pressuposto que as sustenta: ter razão.
Acabam todas como cabos eleitorais de Marconi.
Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).