28 de agosto de 2024
Publicado em • atualizado em 06/06/2017 às 01:04

House of Cards e outras séries mostram a política como ela é no Brasil: nem melhor, nem pior que no resto do mundo

Dizer que a política nua e crua que se vê em House of Cards perde para a realidade brasileira virou piada de salão. Nossos políticos dão aula a qualquer roteirista, é o que se diz. Em nada perdem para Frank Underwood. Verdade. Mas nem tanto.

Tem outro seriado talvez muito mais forte que este: Boss. Centrado em um prefeito de Chicago. Mostra luta pelo poder, cruel e ilimitada. Pesado. Sem meias verdades. Mais recentemente, vi mais dois que igualmente não economizam em detalhes de sordidez política, embora com outra pegada: Marseille (com Gerard Depardier) e President. Este último, coreano. E tem o original House Of Cards, a produção inglesa The House of Cards Trilogy (BBC). Não viu? Veja. Fica a dica.

Ou seja: política suja não é privilégio de brasileiro. Basta uma olhada rápida no Netflix para se constatar isso. Perto delas – e de outras tantas –, a realidade brasileira nem fica assim tão assustadora. É mais do mesmo, na verdade. E todas são inspiradas no noticiário local. Da França. Da Coréia. Dos Estados Unidos. São roteiros originais, embora reveladores de uma mesma realidade: a alma humana.

Pra você ver: em política, o Brasil não é diferente das nações desenvolvidas. Nos países ricos e pobres, de todas as culturas, mata-se, rouba-se, destrói-se reputações e supera-se o tempo todo o bom senso em nome do poder. Não há limites em lugar nenhum. Criatividade máxima na vida real e na tela. E se recorrermos aos reis, e se lembrarmos de Shakespeare, e se buscamos na Roma Antiga, e se… Precisa desenhar? Tudo sempre igual, ou pior do que vemos hoje.

Lição dos séculos: em todos os tempos e lugares, a história se repete como comédia e/ou como tragédia. A má política é um remake infinito. A podridão do jogo do poder (sobre)vive em eterno retorno. Para quem gosta de séries com pegada política, recomendo outras duas, além das citadas. The West Wing, que já acabou, mas é muito boa. Romântica, em certa medida. Diversão certa. E The Good Wife. Talvez a melhor de todas. A que mais gostei de ver. Em vários capítulos, o que se vê nela é política sem dó nem piedade. Tem tudo lá, e mais um pouco. Vale a pena.

Está aí: a realidade brasileira nada mais é que a realidade mundial. Tá sofrendo? Divirta-se.

Vassil Oliveira

Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).