A Estrada de Ferro Goyaz completa 104 anos no próximo dia 27. Nesta quarta-feira (4), alunos do Colégio Estadual Presidente Castelo Branco em Bonfinópolis, a 28 km de Goiânia, conheceram um pouco da história e memória da ferrovia.
A honra de transmitir o conhecimento a jovens de em média 17 anos foi minha. Tive a oportunidade de ministrar uma palestra para os alunos do 3° anos do ensino médio. Em pauta, as Memórias dos Trilhos, um passeio pela origem, desenvolvimento, contos de ferroviários e projetos para o futuro da ferrovia.
A cidade de Bonfinópolis só existe devido à ferrovia. Nos anos 1950 foi inaugurado o trecho Leopoldo de Bulhões-Goiânia. O núcleo urbano foi formado a partir da chegada da estrada de ferro. Trabalhadores se fixaram na região, constituíram famílias e assim a cidade começou a crescer.
“Sempre me interessei saber da ferrovia, minha avó veio pra cá na ferrovia, minha família tem ligação com a ferrovia. Se não existisse a ferrovia, não existiria Bonfinópolis”, destacou o aluno Vinícius Cardoso dos Santos de 17 anos.
Os estudantes conheceram a história, mas ficaram sabendo principalmente sobre as memórias contadas pelos ferroviários, incluindo algumas histórias do cotidiano, experiências vividas por eles.
“Teremos um trabalho a ser apresentado amanhã sobre o assunto e a palestra nos ajudou bastante. Eu pensava em algo totalmente diferente sobre a ferrovia, mas são mais de 100 anos de história, é algo muito importante para a região que a gente ainda não valoriza de forma suficiente, um exemplo é nossa estação que está horrorosa”, relatou o estudante Álvaro Negreiros Vitor de 17 anos.
Os alunos ficaram sabendo que a estação deveria ter sido construída em outra área, mas uma briga entre diretores da ferrovia à época com a população, fez com que a via fosse edificada um pouco fora da cidade. O motivo do conflito: moradores não estavam cansados de fornecer comida a todo instante aos construtores.
“Eu acho importante porque é a história do próprio município, fui criada à beira dos trilhos, conheço várias pessoas que ajudaram na construção, mas você descobrir que a linha é muito mais do que você pensava é um choque, porque você vê detalhes que você não sabia, histórias que você sabia que passava a ter um olhar diferente”, explicou a jovem Lúcia Guimarães da Rocha de 16 anos.
Quanto ao futuro da ferrovia foi ressaltada a importância de se valorizar a ferrovia, pois faz parte da origem da cidade, da identidade dos que vivem em Bonfinópolis e em outras cidades. Foi ressaltado o projeto para a viabilização do Roteiro Turístico da Estrada de Ferro, com o transporte de passageiros associado a atividades culturais nos municípios da região.
No próximo dia 13 na cidade de Leopoldo de Bulhões, que também integra a região da Estrada de Ferro, está programada uma homenagem para ex-ferroviários da cidade. Outras atividades deverão ocorrer até o final do mês de aniversário da ferrovia.
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Samuel Straioto é jornalista, especialista em História Cultural pela Universidade Federal de Goiás, pesquisador ferroviário, com ênfase na antiga Estrada de Ferro Goyaz