28 de agosto de 2024
Publicado em • atualizado em 05/04/2014 às 22:09

Guerra sem favorito. E o bom debate surge

(Texto publicado originalmente no Tribuna do Planalto)

A sexta-feira 4 de abril de 2014 merece ser vista como um marco positivo para Goiás. É o dia da vitória da abertura política no Estado. A inauguração de um novo momento para o debate político que vai colocar frente a frente pensamentos e biografias tão diferentes.

Isso quer dizer que a chance de sairmos do maniqueísmo de ideias e críticas, em que todos de um lado se acham o ‘bem’ combatendo o ‘mal’ que vem a ser apenas e tão somente o outro, é grande. Apontar o dedo é arma de combate falida. Que tal apontar saídas para os problemas, soluções para os impasses?
Goiás é maior que seus políticos. Os políticos perderam o rumo do Estado. Qualificar a discussão é um primeiro passo para mudar o jogo. Eleger qual o melhor caminho para os goianos a partir de janeiro do ano que vem é o verdadeiro desafio. Errar nisso será padecer quatro, oito ou dezesseis anos dando voltas em torno de um mesmo discurso furado: tempo novo, tempo velho. Tempo infinito. Perda de tempo.
Marconi Perillo (PSDB) age como candidato, Antônio Gomide (PT) é, Vanderlan Cardoso (PSB) já tinha assumido ser e Iris Rezende e Júnior do Friboi (ambos PMDB) agora também são. Outros nomes poderão surgir. Mas estes estão definidos, em pré-campanha aberta.
O que o goiano quer? Que nos governe a melhor resposta.

O melhor é…
Outra boa notícia é que não há favorito na disputa pelo governo de Goiás. Os nomes postos são fortes, mas cada um carrega um ponto de interrogação sobre a cabeça.
As pesquisas Tribuna do Planalto/Grupom deixaram claro que Marconi Perillo tem problemas sérios com rejeição e avaliação mediana de seu governo. Além disso, as manifestações populares de contrariedade com sua administração são um fato. Mas ele não está morto. Mantém firme disposição para a luta e tem obras para inaugurar e mostrar até o início da campanha.
Iris Rezende empata com Marconi nas intenções de voto e soma pontos positivos como boa presença entre os jovens e rejeição pequena. Contra, há a dúvida: conseguirá apresentar um discurso renovado? Apaziguará o partido, em clara guerra interna? Iris terá de ir além do mais do mesmo. Ou se mostra remoçado, ou será atropelado pelo futuro. Passado não ganha eleição.
O clima de ruptura iminente no PMDB afeta igualmente Júnior do Friboi. Ele carrega ainda o peso, como um estigma, da falta de experiência e habilidade política, embora tenha algo que os peemedebistas cobicem há várias eleições: recursos fartos para a campanha. Mas Friboi também se faz novo, e apresentar-se assim, e como empresário competente e empreendedor, pode ter a mágica de somar pontos nas pesquisas e votos nas urnas.
Vanderlan Cardoso é o candidato mais adiantado da hora, com propostas apresentadas e grupo de estudos sobre a situação econômica e social do Estado em estágio avançado. Sua base política, no entanto, é frágil. Seu leque de alianças está reduzido a dois ou três partidos minúsculos. Em terceiro lugar nas pesquisas, falta-lhe musculatura política para resistir e subir.
O novo em estado puro nesta eleição atende pelo nome de Antônio Gomide. Bom administrador em Anápolis, com 92% de aprovação – segundo pesqui­saTribuna/Grupom –, e com um partido que tem Lula (cabo eleitoral reconhecido, de acordo com a mesma pesquisa) e a presidente Dilma (a caminho da reeleição), ele se estabelece como o maior adversário para quem já cansou o eleitor. Mas conseguirá resistir às investidas do PMDB para forçar uma aliança pró-Iris ou Friboi em Goiás? Terá apoio nacional irrestrito?
Em uma guerra sem favoritos, os governistas comemoram o racha oposicionista. Ponto frágil. Os levantamentos eleitorais, e uma leitura atenta da realidade, mostram que parece cada dia mais inevitável que a eleição vá para o segundo turno. Todos, nos comandos partidários, trabalham nesta linha. E nada faz antever céu de brigadeiro para Marconi Perillo. Pelo contrário.
A divisão dos opositores neste momento é aceno para uma unidade futura na medida em que o adversário de todos está muito bem definido: o governador, e só ele. Se a oposição não está unida em uma única candidatura, está unida contra Marconi. Marconi: um político há quase 16 anos no poder; um líder sem a decantada investidura de infalibilidade de oito ou mais anos atrás; um governante com uma base política abalada, batendo mais cabeça que a oposição.
Com o debate aberto e o jogo iniciado, Goiás passa a viver o seu momento de definição. Alternativas não faltam.

Altair Tavares

Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: [email protected] .