28 de agosto de 2024
Publicado em • atualizado em 03/05/2014 às 11:52

Governo festeja. Oposição, também. Mas…

 

Para os governistas, a que passou foi uma semana pequena no expediente mas grande na comemoração. Para os oposicionistas, também. Mas vamos por partes.

 

(artigo publicado no Jornal Tribuna do Planalt)

 

Na manhã de terça-feira, 29, os aliados do governador comemoravam dois levantamentos internos que apontam recuperação do governador Marconi Perillo (PSDB) na Grande Goiânia. Diminuiu seu índice de rejeição. O próximo passo, avaliam entusiasmados, será o aumento na intenção de voto.

No final da tarde do mesmo dia, a comemoração era outra: a desistência de Iris Rezende (PMDB) em sua pré-candidatura ao governo. A mesma pesquisa indicava situação de empate técnico entre Iris e Marconi, em disputa direta. Com Júnior Friboi definido como candidato peemedebista, o alívio tinha força em cálculo político.

Para os governistas, falta habilidade política a Friboi para costurar uma aliança sustentável. Em um definição crua: ele mais cisca para fora do que para dentro. Sem falar na desconfiança que veem no PT de Antônio Gomide e no PSB de Vanderlan Cardoso quanto ao desempenho do empresário. Quer dizer: Gomide e Vanderlan são mais candidatos do que nunca, agora.

No dia seguinte, a comemoração juntava o que consideravam outro ganho político: o diálogo entre Marconi e o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT). Paulo tem sido um crítico ácido ao governador. Ao aceitar conversar com Marconi e, principalmente, a ajuda para tirar o lixo da cidade, Paulo está, festejam, capitulando.

A mão estendida ao prefeito de Goiânia tem fundo estratégico, igualmente orientado por pesquisas frequentes que os tucanos têm feito na Capital. Marconi, ao envolver Paulo Garcia, quebra o discurso de um adversário e trava qualquer crítica do PT.

Reforça o marketing que pretende vendê-lo como o “prefeitão de Goiânia” e cria antídoto contra Gomide e o PMDB – um é do mesmo partido, e o outro, avalista da administração, com sofre com má avaliação. Dá ainda uma boa ajuda ao candidato a presidente de seu partido, Aécio Neves, no Estado.

Também em Goiás a avaliação da presidente Dilma Rousseff (PT), provável candidata à reeleição, não anda boa. Outros fatores de comemoração governista: desempenho de Vanderlan em queda e o de Gomide estacionado exatamente na avaliação de Dilma e Paulo Garcia.

Questão de comportamento
Não é só o governo que comemora. Os oposicionistas, cada um cheio de razão própria, também. Vanderlan segue seu rumo achando graça na divisão de PT e PMDB. Friboi comemora o fato de que, com Iris fora, agora é com ele.

Gomide também festeja: por mais que tentem tirá-lo da disputa, ele segue cada vez mais incontestável. Com a definição do PMDB, então, o caminho de Gomide parece sacramentado. Basta lembrar que o presidente da legenda, Rui Falcão, avisou que, com Friboi, os petistas não vão.

Mas que cada um olhe para o seu umbigo. E que se observe com atenção seus próximos passos.

Friboi tirou Iris de seu caminho, mas o terá como uma luz forte sobre a cabeça: se bobear e olhar para cima, fica cego. Iris está fora, mas não colocou pijama. Agora, se não avançar, Friboi vai culpar quem? O que ele vai fazer com a vitória dentro do PMDB definirá o seu futuro na eleição. Exemplo: Iris candidato a senador é uma coisa; não sendo, complica.

Isso vale para Vanderlan, que tem fragilidade de aliança partidária e de estrutura. Ele aparecer bem nas pesquisas neste momento é positivo, mas o desafio é sustentar os bons índices. Pela alegria no governo, que tem levantamentos recentes para mostrar, seu fôlego começa a diminuir. Outra: e se o PT não ficar mesmo com o PMDB goiano e o PMDB fechar apoio no Estado ao candidato a presidente do PSB, Eduardo Campos, em troca de Vanderlan na vice?

No que se refere a Gomide, ele terá que lidar pela frente com a má administração do companheiro Paulo Garcia e um PT no meio do fogo cruzado nacional. Se, como dito acima, Friboi o consolida como candidato, por outro lado, seu partido vai mesmo sustentar seu nome correndo o risco de perder o apoio do PMDB no Estado?

As adversidades não têm sido uma adversária capaz de derrotar Gomide. Ele segue como o mais ‘novo’ de todos os nomes no tabuleiro e como aquele que, homologado em junho, mais impõe medo aos governistas.

Porque a comemoração dos governistas não é certeza de vitória. É muito mais alívio por ver se desfazendo o perigo de união entre Iris, Friboi e Gomide – esta, sim, uma trinca que, unida, assombrava. Festejam por sair das cordas. Mas o jogo está longe de terminar.

A leitura da visão dos governistas é outro ponto de referência sobre o comportamento dos pré-candidatos da oposição. Desdenhar do que Marconi Perillo e seus aliados enxergam neles de virtudes e defeitos, pode ser um erro estratégico. Ver aí um alerta que merece mais atenção – e profissionalismo, com pesquisas próprias e ações focadas –, é mudar a chave de uma atitude recorrente.

Qual atitude? Achar que todos que mostrem defeitos que carregam – embora virtudes também –, e virtudes do tucano – embora defeitos idem –, fazem campanha contra.

Enquanto a oposição enxergar inimigos onde não existem, e tratar como adversário digno de ser eliminado quem não age feito militante, tudo que fizer terá voo curto. Em política, ganha quem soma; quem divide, perde.