Observe que semana animada para uma eleição que só vai acontecer no ano que vem, incluindo o lance da noite de quinta-feira.
Na terça-feira, 4, o governador Marconi Perillo (PSDB) recebeu no Palácio os prefeitos de Goiânia, Iris Rezende, e de Aparecida, Gustavo Mendanha, que são do PMDB, mais o prefeito de Anápolis, Roberto do Órion, que é do PTB.
Na quarta-feira, 5, Marconi recebeu quem? Novamente Gustavo Mendanha, liderando com o ex-prefeito e ex-governador Maguito Vilela (PMDB) uma comitiva de Aparecida.
Ainda na quarta, veja quem também recebeu Mendanha, e mais uma vez no Palácio: o vice-governador, José Eliton.
Mendanha até podia pedir música no Fantástico. Mas o jogo é outro: o campeonato, digo, a disputa pelo governo em 2018.
Os encontros, óbvio, foram comemorados e celebrados com ênfase pelo governo. Tratamento institucional com toques eleitorais de primeira.
Marconi prometeu “parceria republicana, de alto nível” a Gustavo – mesmo tratamento dado a Maguito, enfatizou.
E anunciou obras e investimentos no município.
Gustavo retribuiu de peito aberto:
“Aparecida tem sido agraciada pelo governo estadual com uma série de obras. E tivemos aqui, claro, pleiteando outras obras importantes para Aparecida de Goiânia e, como sempre, fomos muito bem recebidos”, disse.
Disse mais:
“Mesmo sendo de partidos adversários, o governador Marconi Perillo e o vice-governador José Eliton mantêm parcerias, investimentos e premiam a população.”
Com tanta bola nas costas, os líderes oposicionistas resolveram reagir. Principalmente Caiado.
Na quarta, o senador tratou de ir a Aparecida marcar presença e mostrar serviço.
Foi comunicar a inclusão de R$ 7 milhões de emenda de bancada para o município.
E dar o recado (político): o governo do Estado perde tempo em tentar fomentar a discórdia na oposição.
Palavras suas:
“Não vamos deixar que tentem minar nossa aliança, nosso respeito e confiança. Respeito muito o deputado Daniel Vilela, os prefeito Iris Rezende e Gustavo Mendanha, o ex-prefeito Maguito Vilela. Ninguém vai conseguir criar divisão entre nós”, falou Caiado, no encontro.
Discursando para um público formado principalmente por peemedebistas, o democrata registrou seu sentimento em relação ao partido que, pontuou, garantiu sua vitória em 2014.
Novamente, palavras suas:
“Ninguém faz política sem grupo. E meu grupo são vocês. Vamos conseguir alcançar uma concórdia. Tenho gratidão e lealdade a todos.
Vocês sabem da minha coerência na política.”
Um vídeo do discurso de Caiado andou por grupos de Whatsaap. No material que mandou para a imprensa, a transcrição estava lá, com todas as letras:
“A estrutura do governo do Estado tenta criar a cizânia entre nós. Não existe. Essa possibilidade eles podem esquecer. Nós temos maturidade hoje, sabemos que o PMDB tem candidato altamente competitivo. É o deputado federal Daniel Vilela, é uma pessoa preparada, é um bom debatedor, sabe atuar na Câmara dos Deputados, casa que por lá passei por mais de 20 anos, ele sabe levar o nome do estado de Goiás, sabe combater o bom combate na defesa nas cidades do Estado de Goiás da mesma maneira como nunca neguei a vontade de poder também voltar a disputar uma eleição ao governo do Estado. Mas tenho a vivência e a maturidade para saber uma coisa só: nós jamais chegaremos a lugar algum que não seja a da maneira de convergirmos e estarmos juntos para repetir 2014 e 2016. Podem ter total certeza disso. O Governo está perdendo tempo em querer fomentar a discórdia entre nós. Quero dizer aos senhores e senhoras aqui presentes. O meu grupo é este grupo, o meu grupo é o grupo que me elegeu. A característica do Ronaldo Caiado é característica da lealdade”, completou o senador.”
Merece destaque esta parte: “Nós jamais chegaremos a lugar algum que não seja a da maneira de convergirmos”.
Na quarta, este blog chamou a atenção justamente para o direcionamento do discurso de José Eliton em Rio Verde, em resposta ao próprio Caiado.
O ponto-chave do discurso de Eliton: “convergência”.
Isso para ressaltar uma crítica constante a Caiado: a de que ele cisca para fora, e não para dentro – como, aliás, enfatizou o presidente da Assembleia Legislativa, José Vitti (PSDB), em entrevista exclusiva ao DG nesta quinta.
Leia e veja aqui:
– Na guerra entre José Eliton e Ronaldo Caiado, quem mais aparece é Marconi Perillo.
– José Vitti elogia Eliton, defende aliança entre PSDB e PMDB e não vê chance de diálogo com Caiado
Ainda nesta quinta-feira à noite, 6, depois da entrevista de Vitti e de tudo, um encontro amarrou a reação oposicionista.
No encontro: Caiado, Daniel, Iris, Maguito, dona Iris Araújo e o deputado José Nelto.
Pauta: 2018. Objetivo: unidade.
De prático, algumas coisas que ficaram combinadas:
Evitar situações que possam dar a ideia de que estão em confronto interno. De que a oposição bate cabeça, não se entende.
Fazer defesas mais enfáticas de que DEM, PMDB e outros partidos vão lançar um nome só para o governo.
Ampliar o leque de conversas com outras legenda. Não está descartado nem mesmo incorporar o PT no grupo. Isso mesmo.
Não há dúvida de que Caiado quer ser candidato. Quer a chance de ser o nome da unidade. Deixou isso mais do que evidente.
Ponto difícil, porque peemedebistas não abrem mão da cabeça de chapa, e Daniel tem reiterado isso de forma sistemática.
Mas o posicionamento de união, de diálogo, de nome único, tudo isso interessa a todos neste momento.
Para não dar espaço para o adversário invadir a área e ganhar o jogo por antecipação.
Jogada suficiente?
Repara na agenda do governador nesta sexta:
– 16:00h: Reunião no Rio de Janeiro com a presidente do BNDES, Maria Silvia Bastos Marques, para tratar do financiamento para a construção do Desvio da BR-153 no trecho urbano de Goiânia. Acompanham os prefeitos de Hidrolândia, Paulo Sérgio de Rezende, de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, e de Senador Canedo, Divino Lemes (PSD), além de um representante da Prefeitura de Goiânia.
Que conste em ata do jogo: Paulinho Rezende foi eleito presidente da Associação Goiana de Municípios (AGM) este ano, depois de trocar o DEM pelo PSDB.
Os governistas jogam duro, todos sabem. E estão avançando com fome de gol.
Avançaram esta semana sobre Gustavo Mendanha, mas avançam todo dia sobre sobre um ou mais prefeitos da oposição.
Olha a bola cheia:
– R$ 1 milhão de razões para a campanha ficar mais acelerada a partir de agora em Goiás
Altair Tavares
Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: [email protected] .