28 de agosto de 2024
Publicado em • atualizado em 12/02/2020 às 23:39

Goulart e a velha estratégia de intrigar os adversários

Eis aí uma estratégia recorrente dos tucanos: tentar colocar os adversários uns contra os outros.

Em recente entrevista ao Diário do Norte – em parte reproduzida aqui no Diário de Goiás pelo editor e blogueiro Altair Tavares – o secretário de Articulação Política do governo de Goiás, Daniel Goulart, defendeu a tese de que o PT, que reelegeu Antônio Gomide em Anápolis, vai lançar candidato ao governo, em 2014.

“Pode ter certeza de que eles (os petistas) não vão perder essa oportunidade de buscar o mandato de governador. Gomide será candidato”, diz, com a autoridade de quem sabe das coisas… por antecipação.

Um PT candidato ao governo pressupõe uma oposição dividida, com PMDB também lançando candidato e, quem sabe, o PSB de Júnior Friboi.

Para o governador Marconi Perillo (PSDB), essa é a situação ideal. Fragilizado, ele iria para a reeleição contra um inimigo também fragilizado, porque dividido.

Goulart não está sozinho na defesa dessa tese. Ela já começa a ser difundida por quem está afinado com o governo. Notas plantadas, teses alimentadas com ar de fato consumado, inevitável.

Natural o PT querer a cabeça de chapa em uma unidade de partidos. O partido se saiu bem nestas eleições e tem nomes para apresentar. Além de Gomide, tem o deputado federal Rubens Otoni e o prefeito reeleito de Goiânia, Paulo Garcia.

Difícil será a costura. Principalmente em razão de o PMDB ter apoiado com veemência Paulo Garcia e esperar a retribuição com o apoio em 2014.

Entre peemedebistas há a convicção: agora é a vez do partido. E de o PT indicar o vice.

Júnior Friboi pode entrar nessa aliança. Pode. O que não quer dizer que entrará. Em todo caso, PT e PMDB unidos criam um diferencial competidor que aponta para a perspectiva real de poder, o que não se enxerga com apenas PT ou PMDB em chapa própria.

A esperança de Marconi, Daniel Goulart e companhia é que os partidos contrários ao PSDB de dividam. Que repitam o cenário de 1994, quando Lúcia Vânia e Ronaldo Caiado perderam para o peemedebista Maguito Vilela.

A última coisa que querem é que a oposição faça como em 1998: se junte. Naquele ano, Marconi ganhou.

Falar nisso… No ano em que desapeou do poder, o PMDB completava 16 anos de hegemonia. Em 2014, Marconi estará completando exatos 16 anos também.

Taí. Mais uma preocupação para Goulart e os defensores da divisão inimiga. Ao trabalho, senhores!

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Vassil Oliveira

Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).