Na campanha para governador de 2010, acompanhei várias pesquisas qualitativas. Lembro que de forma recorrente o perfil do novo aparecia como o melhor candidato. E nenhum dos nomes na disputa representava de forma cabal este novo. O novo genuíno não entrou em campo.
O mais próximo era Vanderlan Cardoso, então governadoriável pelo PR e que se apresentou como o ‘diferente’ – uma variante do… novo.
Mas a falta de conhecimento entre os goianos o deixava em larga desvantagem. Quem conhecia Vanderlan, votava nele (a grande maioria); quem não conhecia… O conhecimento era mínimo, e melhorou apenas um pouco até o final do primeiro turno.
Não adianta ser diferente ou novo e não ser conhecido. Simples assim. E assim simplesmente Vanderlan perdeu para Marconi Perillo (PSDB), Iris Rezende (PMDB) e para o seu desconhecimento, embora tivesse potencial para vencer a disputa.
O novo foi o vencedor em 1998. E foi em São Paulo, agora. Tempo novo com Marconi Perillo (PSDB) antes, tempo novo, de novo, com Fernando Haddad (PT).
Converso com especialistas em marketing eleitoral e pesquisadores e todos têm a mesma visão: o novo é o principal nome para vencer em 2014. De novo.
Avaliam também, no que concordo: Marconi Perillo não representa mais o novo.
Marconi está fechando um ciclo de 16 anos no poder, como Iris em 1998. Com a diferença de que nesse tempo o tucano passou mais tempo no Palácio das Esmeraldas, e nenhum na Esplanada dos Ministérios.
Enfim, dois ciclos de 16 anos depois, quem agora é o novo para desbancar os velhos Marconi e Iris?
Vanderlan, que foi para o PMDB, saiu e está sem partido? Júnior Friboi (PSB), velho financiador de Iris e Marconi, indistintamente? Rubens Otoni (PT)?
Lembro que o entusiasmo dos peemedebistas com Thiago Peixoto, quando este foi eleito deputado federal pelo partido, era exatamente porque era o novo – mesmo que uma renovação com DNA da velha guarda manda brasa – capaz de renovar a legenda e vencer o velho inimigo Marconi Perillo.
Um novo PMDB e uma nova estada no poder. Eis o sonho. Eis uma das razões para sua adesão ao tucano ser imperdoável para peemedebistas.
Mas o que é novo? Propostas novas? Que propostas?
Representar o novo não é só ter uma cara nova.
Por exemplo: nas eleições deste ano em Goiânia, quem, para você, foi ‘novo’?
Quem apresentou discurso e atitude que se revelou novidade, que se diferenciou do resto?
Paulo Garcia, reeleito pelo PT?
Paulo Garcia não estava no jogo, até outro dia, e agora é uma possibilidade. Isso é novo.
Há oito anos, não era uma opção para a prefeitura. Hoje é um nome para o governo, daqui a dois anos. Isso é mais novo ainda.
Definir o novo não é fácil. Vai aí um pouco do que é na prática e do que é percebido pela população.
Pode ser que alguém consiga passar a imagem da novidade sem na prática o ser.
Assim como pode surgir um rosto de vinte e pouco anos que não passa nada além de despreparo e decepção.
E pode ser ainda que o novo não se estabelece, apesar da idade pouca. Por razões que a própria razão política explica.
Vê-se, de modo geral na oposição, entusiasmo com nomes como Antônio Gomide, petista muito bem reeleito em Anápolis, Humberto Machado, igualmente reeleito com destaque em Jataí.
São novos. Novos que alimentam sonhos elevados.
Ocorre que o jogo político não é regido apenas por uma boa vitória no interior e um rostinho juvenil. É preciso saber jogar. Mexer as pedras em um tabuleiro que é milenar.
Assim: o jogador pode até ser novo, mas o jogo é velho. E tem suas regras e nuances não é de agora.
É o que faz com que, vira e mexe, apesar da força eleitoral da mudança, do novo e coisas afins, ressurja um Maguito Vilela, que acaba de ser reeleito prefeito de Aparecida de Goiânia e já nega categoricamente que possa vir a ser candidato de novo a governador como quem diz “é tudo que eu quero”, de novo e sempre.
Maguito e a negação com cara de afirmação são história antiga.
O novo muitas vezes existe apenas para vencer. Vencer para manter tudo como está. Cara de novo, focinho de velho.
O poder, eterno retorno: assim é, se lhe parece.
O candidato mais forte ao governo de Goiás em 2014 é o novo. Inevitável. Isso nem é novo mais.
Quem? Se é novo, como saber?
Quem? Se o jogo é velho, como se surpreender?
O novo pode estar aí de velho e nem percebemos.
Goiás é um Estado em busca de um nome para governá-lo. Novo. Depois…
Depois, veremos. Primeiro, é preciso vencer.
Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).