07 de agosto de 2024
Publicado em • atualizado em 30/01/2014 às 18:07

Friboi patrocina e Duda dá o grito: A alma de qualidade é Iris. Ou: Friboi, sem Iris, é Júnior

O ex-governador Iris Rezende, além de tudo, é iluminado. Abençoado, para os que crêem. Não bastasse ser bom, dá sorte.

Escrevi na edição da Tribuna do Planalto que está nas bancas esta semana que ele, com excesso de silêncio, ajuda Friboi.

O empresário, nos bastidores, usa a inspiração do dinheiro ilimitado para encantar corações limitados pelos interesses próprios, em nome do coletivo imaginário, de palanque.

Porém mal começa a semana e olha aí o grito que faltava. E justo quem grita a seu favor é quem se refestelava na economia de suas palavras.

Friboi tratou de anunciar nesta quarta-feira, 29, com a chancela da marca Duda Mendonça de marketing político, que não é ninguém sozinho.

Subiu no toco, berrante à mão, e decretou: só será o que sonha, com Iris. Sem Iris, é júnior em política.

O fato relevante nisso é que Friboi se apresenta como o novo melhor que o velho líder. Mas não passa de um velho financiador de campanhas diante de um homem cujo carisma está mais vivo do que nunca. Renovado.

Friboi ainda não entendeu que seu maior adversário não é Marconi, mas sua atitude; não é sua suposta ingenuidade, mas a arrogância da presunção da competência superior ante a turba esfomeada em dia de churrasco.

Com humildade forçada, ele tenta colocar Iris contra a parede, em vez de conquistá-lo; insiste em provar que tem boas intenções, embora sem nunca tirar as mãos do bolso; prega salvação, enquanto semeia discórdia com suas ações e declarações; se compraz em auto-elogios – empresário preparado, de sucesso etc. -, em vez de se revelar em conceitos sustentáveis, conteúdo palpável e visão de fato transformadora.

Friboi é o berrante tocado pelo berro antes do berranteiro. É, na prática, o contrário, no sentido do que ele se olha. E, para os outros, se consolida como o meio que justifica os fins.

A sua lógica é própria, made in JBS. E agora com um Tony Ramos também muito apropriado: Duda Mendonça.

Duda é o garantidor do produto à venda que, em bom capitalismo eleitoral, quer comprar o consumidor.

A ironia é que, como garoto propaganda, Duda vendeu em Goiás carne Friboi com alma de Iris.

Para quem quer apenas carne, o empresário é um prato cheio. Se é de bife que Goiás precisa, a oferta é de ocasião. A oportunidade de se fartar com qualidade global.

Para quem quer mais, falta… Iris.

Friboi se esforça para se apresentar como estereótipo do goiano caipira. Mas esquece que a essência deste Estado é a gema: a gente se orgulha do que é, e não do que parece; do que somos, e não do que dizem. O pequi é maior que o pequizeiro.

Ser goiano é uma qualidade; agir como tal, um desafio – e o trem mais bão do mundo! Mas uma caricatura só não ganha eleição.

Friboi patrocinou, e Duda Mendonça deu a Iris o grito que faltava: ele, Iris, é legítimo, e é dele que Friboi necessita para legitimar-se e assim tentar ser governador. O resto é açougue e defumados. Com todo respeito.

Iris, cobrado pelo silêncio, ganha tempo. Por ora, depois do advento do marqueteiro, é do que ele precisa. Azar de Friboi. Competência política não se põe a quilo.