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O cenário destruidor após fortes chuvas em Goiânia já tem virado uma indesejável rotina na vida das pessoas. A tempestade do último fim de semana foi embora, mas deixou um cenário alarmante. Estamos preparados para abrir mão de parte da urbanização e devolver o que tomamos da natureza?
Aqui neste espaço, tenho constantemente apresentado temas relativos ao desenvolvimento histórico de Goiânia e os problemas que nós provocamos ao longo de 84 anos. Uma resposta é comum após as chuvas, a culpa direcionada ao poder público. Ela é válida, mas insuficiente. O poder público, por outro lado diz a velha frase: “Vamos fazer um diagnóstico e avaliar os danos”.
Neste próximo final de semana, Goiânia continua em estado de alerta. A previsão é de fortes chuvas neste período. Infelizmente novas destruições virão e novos paliativos também. Ao longo da história fomos tomando soluções que foram se emendando, mas que não tratou a questão como estruturante.
Marginal Botafogo
Na última quinta-feira (5), o Botafogo mostrou apenas o que ele é. Um manancial e não uma avenida. Nos anos 80, um dia alguém teve a “brilhante ideia” de canalizar o córrego. O esgoto foi jogado no local. A natureza foi sendo agredida e durante muito tempo ficou calada.
A agressão se completou quando a avenida Marginal foi construída ao lado do córrego Botafogo. Restou apenas um corredor de esgoto no período de estiagem e que durante as chuvas é um verdadeiro caminho de destruição.
Será que já paramos para pensar se temos capacidade de devolver a região da Marginal para a “Mãe Natureza”? Deveríamos, mas creio que isso não vai ocorrer. Mais uma solução paliativa vai ocorrer.
Neste início de semana, a via nos dois sentidos está praticamente interditada na sua totalidade. Levando em consideração que já estamos sem a Marginal Botafogo, será que não seria o momento de repensarmos a estrutura urbana e viária em todo este eixo-norte sul da cidade.
Por mais que a Marginal Botafogo seja uma via que proporciona rápido deslocamento, penso que a estruturação dela deveria ser repensada. A pista não deveria estar tão próxima do córrego. Entendo que o correto seria devolver o córrego a cidade, plantar árvores em volta e construir novas pistas um pouco mais afastadas do manancial.
Minha opinião é que novas estruturas deveriam ser construídas, por exemplo, onde hoje está situada a Alameda Botafogo, com maior distância para o córrego. Não creio que isso vá ocorrer. Primeiro porque há a necessidade de desapropriações e isso implicaria em altos investimentos.
Segundo porque nossos governantes não se preocupam com políticas estruturantes, mas ao longo dos anos vêm planejando as coisas a partir de “remendos” e “puxadinhos”. A Marginal será recuperada no sentido de deixá-la como estava até pouco antes dos contínuos fechamentos provocados por desmoronamentos.
Portanto, todo esse caos que ocorre na região da Marginal Botafogo, fomos nós que provocamos. Do ponto de vista ambiental, invadimos e nos preocupamos mais com a avenida do que com um córrego.
Em relação ao trânsito, poderíamos cobrar mais os nossos governantes do Estado e da Prefeitura para que promovam um transporte coletivo de qualidade para tirar carros das ruas e ainda abrir mão da nossa individualidade, em prol de um interesse coletivo. Sem isso, penso que nada vai mudar e tudo ficará como está.