O Centro Cultural Martim Cererê recebe, neste fim de semana (20 e 21/09), o 1º Festival Diaspóricas de Cinema e Música Negra, que reúne produções audiovisuais, apresentações musicais, feira de afro-empreendedoras e oficinas. Com entrada gratuita mediante retirada de ingresso pelo Sympla e doação de 1 kg de alimento não-perecível, o evento se consolida como um espaço de resistência, valorização e fomento à força criativa de mulheres negras no Centro-Oeste.
Idealizado a partir da série audiovisual Diaspóricas, o projeto busca ampliar a visibilidade de artistas negras que utilizam a arte como ferramenta de transformação. Para a diretora e criadora do festival, Ana Clara Gomes, o encontro simboliza reconhecimento coletivo. “É importante que artistas negras se celebrem e se reconheçam nos trabalhos umas das outras. Temos trajetórias distintas, dividimos condições socioestruturais muito comuns diante de um sistema que nos oprime, seja pela opressão racial ou de gênero, mas todas somos intelectuais dentro de nossas áreas”, afirmou.
A programação contempla múltiplas frentes. No campo da economia criativa, a Feira Anadir Cezario de Afro-empreendedoras abre espaço para moda, artesanato, gastronomia e produtos ligados ao bem-viver. O evento também conta com a participação da Colettiva Preta, com sua feira multicultural, e do Grupo de Mulheres Negras Dandara no Cerrado.
Na área audiovisual, a Mostra Marta Cezaria de Curtas-Metragens exibe ficções, documentários, animação e vídeo-dança dirigidos por mulheres negras brasileiras, com destaque para produções do Centro-Oeste. Entre os títulos selecionados estão Meada Cor Kalunga (2022), de Marta Kalunga, Alcileia Torres e Analu Reis de Sá; Dandara (2024), de Raquel Rosa; Courage (2024), de Victoria Nolasco e Leonardy Sales; Águas Profundas de Poeira e Afeto (2022), de Renata Caetano e Lavínia Mendes; Valentina (2024), de Rochelle Silva; Afro X (2022), de Gleyde Lopes; e Mansos (2024), de Juliana Segóvia.
O festival também reúne produções de outras regiões: do Nordeste, Na Volta Eu Te Encontro (2024), de Urânia Munzanzu; Coisa de Preto (2025), de Pâmela Peregrino; e Divã de uma Habilitada (2022), de Nádia Maria. Do Sudeste, participam Deixa (2024), de Mariana Jaspe, e O Céu Não Sabe Meu Nome (2024), de Carol AÓ.
Na música, o Palco Afro-goianidades ressignifica a sigla MPB como Música Preta Brasileira. No sábado, as atrações são a banda Mundhumano e artistas da primeira temporada da série Diaspóricas: Érika Ribeiro (canto e violão), Nina Soldera (canto), Sonia Ray (contrabaixo) e Lene Black (percussão). No domingo, a programação traz Flávia Carolina e banda, o grupo de samba Dona da Roda e a performance coletiva Diaspóricas 2 – O Show, reunindo Kesyde Sheilla (clarinete), Maximira Luciano (cavaquinho e percussão), Flávia Carolina (canto e zabumba) e Inà Avessa (rapper e MC).
Segundo a produção, o festival vai além do entretenimento, cumprindo papel representativo e gerador de oportunidades para artistas e empreendedoras negras. Para acolher famílias, haverá ainda Espaço Infantil, com brinquedos e atividades para as crianças.
Elysia Cardoso
Jornalista formada pela Uni Araguaia em 2019