Tem um dia específico do ano que os homens lembram de nos parabenizar, desejar uma feliz data, alguns até presenteiam com flores, os mais empolgados, bombons. Não estou falando do aniversário, mas se você é mulher, certamente vai saber. Esse dia é o Dia das Mulheres, dia que eles, pasmem, se lembram que somos mulheres e, sim, merecemos ser vistas como tal.
Nos outros 364 dias eles se lembram sim de nós, mas de uma forma diferente. Veja bem, não estou generalizando, mas nós, mulheres, percebemos que a vida será um pouco mais dura conosco ainda na infância, na primeira vez que nos mandam “sentar como mocinha” e sermos “simpáticas” com as pessoas ao redor. Nos dão bonecas e panelinhas para já aprendermos a cuidar desde cedo, tarefa da qual seremos incubidas pelo resto de nossas vidas. Carrinhos e bolas, ai credo, Deus o livre de mostrar para elas que podem ser independentes e o que bem quiserem.
Já na adolescência, nos ensinam, a duras penas, que não devemos andar provocantes demais na rua, para nossa própria proteção. Nesses casos, roupas justas, jamais, e quanto menos partes do corpo à mostra, melhor. Com o tempo entendemos que não importa a roupa, o olhar de cobiça, que só nós conhecemos, virá de qualquer forma e dos lugares mais improváveis.
Na fase adulta, ainda na faculdade, entendemos que teremos que nos esforçar dez vezes mais para nos destacar, pois sempre teremos que explicar, explicar e tornar a explicar, para ouvir de um homem com metade do nosso conhecimento como as coisas realmente funcionam. Devemos nos colocar no nosso lugar, a voz jamais exaltar, a postura manter e a simpatia multiplicar. Se se arrumar demais é para chamar atenção dos outros, se se arrumar de menos é porque é desleixada e não causa boa impressão. Meio termo em tudo, os extremos fazem alarde, você não ousaria chamar atenção, não é mesmo?!
E por falar em ousadia, não ouse ganhar mais que seu marido nem subir demais na carreira, mulher bem casada dá mais valor à família do que à vida profissional. Se tiver filhos, tenha a plena consciência que em algum momento terá que se desdobrar em três para dar conta de criar, educar e cuidar daquilo que gerou, amamentou e carregou, sozinha, (mas fez em dupla). Se tiver sorte, o companheiro ficará para te ajudar a construir uma vida a dois, mas mais da metade das mulheres que conheço, em algum momento, tiveram que trilhar essa maternidade solo.
Jamais reclame que está cansada, essa vida foi você quem pediu quando decidiu que queria ser mãe ou uma profissional de sucesso. O mercado é difícil, a vida dentro de casa é desafiadora. É seu papel como mulher, te dirão. Lá atrás tiveram que queimar sutiãs, agora, nos queimam os peitos, de ansiedade, culpa e medo.
Não basta carregar conosco esse carma. Precisamos engolir a seco, sermos simpáticas, sorrir e dizer “obrigada”, sempre que um homem nos lembra que somos mulheres no dia 8 de março. Mas só no dia 8 de março merecemos parabéns, nos outros, não fazemos mais que a nossa obrigação. E aí, feliz dia para quem?
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