Nas eleições passadas para o governo de Goiás, os nomes de Marconi Perillo (PSDB) e Iris Rezende (PMDB) surgiam de forma espontânea na boca de aliados – e de quem estava atento ao jogo político – toda vez que uma eleição se aproximava.
Líderes naturais de suas bases de apoio – a governista (PSDB, PSD, PSB, PTB, PP, PR e outros) e a oposicionista (PMDB à frente) –, qualquer movimento na sucessão do Estado dependia deles.
Fora da disputa do ano que vem para o governo, no entanto, nenhum deixou sucessor… natural. O que há são nomes em construção.
Trabalham para construir suas candidaturas, neste momento, José Eliton (PSDB) e Daniel Vilela (PMDB), representando os dois lados tradicionais da disputa no Estado, e o senador Ronaldo Caiado (DEM), correndo por fora.
A antecipação do lançamento das candidaturas tem, na prática, o mesmo propósito: marcar posição, não dar espaço para que outro desponte como alternativa em seus grupos.
O vice-governador, José Eliton (PSDB), tem a seu favor o apoio explícito do governador Marconi Perillo e o fato de que deve assumir o governo em abril – Marconi não esconde que vai sair para disputar o Senado ou outro cargo –, o que lhe dá a vantagem de ter a seu favor uma máquina política com estrutura fincada em todo o Estado.
Não à toa, o discurso atual de Eliton tem como base as ações do Estado para ajustar a máquina, as ações positivas tocadas por Marconi e a possibilidade de investimentos em inúmeras áreas da administração nos próximos meses, a serem lideradas por ele. Tudo que os prefeitos, por exemplo, querem ouvir e esperam receber por extensão.
O desafio de Eliton é segurar a base do governo, que ainda reluta em vê-lo como candidato natural. Nos últimos dias, os presidentes do PSD (Vilmar Rocha) e do PSB (senadora Lúcia Vânia) voltaram a indicar que nada está garantido, tudo tem que ser conversado. Podem, inclusive, lançar candidato próprios ao governo.
Em outras eleições, Marconi Perillo teve também de lidar com situação parecida. Fez do problema, solução. Principalmente, dialogou e ‘ciscou para dentro’. Resultado: quando a eleição chegou, todos se uniram em torno de seu nome e a vitória foi garantida. Eliton já iniciou a fase de conversas, e tem mostrado disposição de somar. Está em campo, com força total.
Se do lado do governo o cenário é de desentendimento, do lado da oposição o que há é mais do mesmo de outras campanhas: divisão.
No PMDB, o deputado federal Daniel Vilela é visto, principalmente no interior do Estado, como nome da vez. Mas pesa contra ele a falta de sintonia com o prefeito de Goiânia, Iris Rezende. E ninguém imagina uma candidatura no partido que tenha Iris contra.
Talvez por isso o nome do pai de Daniel, o ex-governador Maguito Vilela, alimente o imaginário dos peemedebistas como um possível tertius nesta queda de braço. Maguito faz seu jogo: não é, mas pode ser. Nega publicamente; age internamente.
Outro ponto de divisão oposicionista está na candidatura de Ronaldo Caiado. Uma questão em aberto. Seus aliados dão como certo o apoio de Iris ao seu projeto. O prefeito, porém, afirmou em várias ocasiões que apoiará um candidato do PMDB. E ponto. Caiado vai para o PMDB? Ele já falou que não pensa nisso. Eis a questão.
Como há uma tradição em Goiás de disputa dual – nos últimos anos, PSDB X PMDB –, é difícil imaginar que uma terceira via consiga se estabelecer. Em outras ocasiões, não vingou. Vanderlan Cardoso, hoje no PSB, tentou, e nada; o PT também.
Há em tudo a ponta solta da disputa nacional em meio aos desdobramentos da Operação Lava Jato. As apostas variam, mas no geral apontam para o caos. As previsões vão desde aliança entre PSDB e PMDB, com reflexos em Goiás, a reagrupamento total de forças, com muitos dos atuais aliados no Estado se transformando em inimigos no ano que vem.
Fato: o reagrupamento de forças – partidos e grupos internos – é real e está em curso. O destino dele: absolutamente incerto. Mais um motivo, talvez, a justificar as campanhas antecipadas de Eliton, Daniel e Caiado.