18 de novembro de 2024
Publicado em • atualizado em 09/08/2018 às 19:33

Falta consciência histórica para Goiânia

Escombros da casa demolida no Centro de Goiânia (Foto: Samuel Straioto- Diário de Goiás)
Escombros da casa demolida no Centro de Goiânia (Foto: Samuel Straioto- Diário de Goiás)

 

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Goiânia é jovem e cada vez mais vai perdendo sua consciência histórica. Mais um crime contra a memória da cidade, o prédio da Academia Goiana de Letras (AGL) situado na Rua 20 no Centro da capital foi demolido. Nos últimos anos, construções mais antigas, oriundas do período de construção da nova capital estão indo ao chão. O passado vai indo embora, o presente não permite que nenhum resquício seja mantido.

Ao longo da história, o goianiense pouco se preocupou em cuidar da história da cidade. Vejamos alguns exemplos! Foram poucos aqueles que tiveram a preocupação em fazer registros fotográficos nos primeiros anos de Goiânia e que trouxeram este importante tesouro a público. Destaque para o fotógrafo Hélio de Oliveira.

Foram poucos aqueles que se preocuparam em guardar a história da cidade. Grande parte das informações relativas a origem da capital estão trancadas nas universidades, presas a restritos grupos acadêmicos. Foram poucos os que se preocuparam em contar nossa origem, nossa cultura, nossos times do coração, nosso enraizamento nesta importante região do Brasil Central.

Há anos denuncio a falta de intervenção pública para preservar a história da cidade. Aos poucos vamos perdendo espaços de memória na cidade. A demolição de imóvel histórico da Academia Goiana de Letras, noticiada pelo jornal O Popular nesta quinta-feira (9), é mais um exemplo claro, que não estamos preocupados em preservar e contar a nossa história. Elementos como construções, paisagens, culinária, institutições, entre outros são pontos que ajudam a construir espaços de memória, que cristalizados viram história.

A construção é antiga e remetia ao passado da cidade. A alegação é que o imóvel estava em condição ruim. Em entrevista ao jornal O Popular, a presidente da Academia Goiana de Letras, Lêda Selma de Alencar deu a justificativa que o local foi adquirido com apoio da Prefeitura de Goiânia e que a casa não era tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico.

A Academia que deveria se preocupar com a memória da cidade dá um péssimo exemplo. No local será construída a nova sede. A AGL deveria trabalhar para preservar os espaços de memória, e não apresentar a justificativa de que o bem não era tombado. A preservação não deve ocorrer apenas por um tombamento, mas sim, por consciência histórica, que faltou a Academia Goiana de Letras, e que falta à Goiânia.

Minha opinião a fatos como este é que se trata de um crime contra a história da cidade. Quem deveria colaborar para preservar a história, pelo contrário, se preocupou apenas com um novo. É natural que a cidade passe por transformações urbanísticas, mas isso não pode ser feito com uma perda de identidade, que é o que vem ocorrendo em Goiânia.

Um dos objetivos deste blog é democratizar e discutir com profundidade questões relacionadas a história local. Há alguns anos venho denunciando a derrubada de construções na região central de Goiânia. A primeira delas foi o primeiro palácio de Goiânia, uma frondosa Moreira, em que Pedro Ludovico fez alguns despachos. De forma criminosa foi envenenada, até que foi ao chão.

Além disso, outros imóveis no centro também foram ao chão. Primeiro são abandonados de forma proposital, até que seja depredado, usado para prática de crimes, provocando insatisfação popular, gerando um problema que é resolvido com uma retroescavadeira. Abrindo espaço para uma moderna construção. Com isso, a história vai ao chão.

Em um dos textos publicados, um internauta fez uma provocação de que Atílio Correia Lima é desprestigiado. Ele foi responsável por ser o projetista de Goiânia. O argumento colocado pelo leitor da coluna será objeto de análise em uma próxima postagem sobre a memória da capital.

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