02 de setembro de 2024
Publicado em • atualizado em 10/12/2015 às 18:00

Estudantes limpam escola ocupada e recebem solidariedade

Estudantes colocaram cartazes e faixas na porta do colégio (Foto: Samuel Straioto)
Estudantes colocaram cartazes e faixas na porta do colégio (Foto: Samuel Straioto)

No segundo dia da ocupação do Colégio Estadual José Carlos de Almeida, estudantes receberam ajuda de professores, vizinhos da unidade e de outros populares. Tudo em prol da educação. Os secundaristas pretendem manter a ocupação por tempo indeterminado.

Após ocuparem as instalações do desativado colégio no Centro de Goiânia, um dos mais antigos da capital, os estudantes fizeram um mutirão. Mato foi retirado, lixo também. Eles ainda disseram que taparam buracos no muro, feito por pessoas em situação de rua que usavam a escola para dormir. No entanto, mesmo com esforço as condições são precárias, falta água de qualidade e energia elétrica.

“Começamos aqui e limpamos tudo na mão. Não tínhamos enxada. Dormimos numa sala aberta, fizemos uma fogueira. Muitos não conseguiram dormir. Alguns foram trabalhar. A gente tem medo que aconteça alguma coisa violenta com a gente, mas estamos organizados e temos um aparato de segurança”, informou uma estudante.

O protesto é contra a intenção do governo de Goiás de implantar o modelo de gestão das Organizações Sociais em escolas públicas do Estado. Para os estudantes o processo vem correndo sem nenhum diálogo com a sociedade civil, pais de alunos, professores e estudantes, o que foi considerado pelos manifestantes como “antidemocrático”.

Os estudantes querem a imediata revogação do edital de contratação das OS’s, revogação da implantação do modelo de gestão por OS’s e militarização das escolas e reabertura do Colégio Estadual José Carlos de Almeida.lixo escola

Ajuda

Enquanto a reportagem do Diário de Goiás conversava com os alunos, algumas pessoas bateram no portão da escola oferecendo ajuda para os estudantes. Uma dessas pessoas é a dona Eni Magalhães. Ela é vizinha do local há 31 anos e se mostrou favorável a ação, já que a escola está abandonada.

“Não fizeram barulho, não bagunça, foram muito educados. Estão reivindicando o que eles precisam. O governo está aí para administrar escolas, não para fechar. Esta escola foi uma das primeiras de Goiânia. A escola pertence aos alunos. Todo mundo aqui ficou sentido de ter fechado a escola e o governo precisa aceitar a reivindicação deles todos”, explicou.

Outra pessoa que passou pelo local e tirou um tempo para conversar com os estudantes foi o taxista Sandro Antônio de Oliveira. Ele se sensibilizou com a causa dos secundaristas, chegou a dar dinheiro a eles e prometeu ajudar em alguns mantimentos.

“Sou pai. Tenho dois filhos e pago escola particular, porque a escola pública é precária, professores mal remunerados. Parecem que os políticos não querem uma escola decente”, destacou o taxista.

A professora de uma escola particular, Priscila Cabral, também foi dar apoio aos estudantes. Ela levou a eles um galão de água. Ela informou que os integrantes da família dela atuam na área de Educação. A profissional ficou sensibilizada com a causa dos secundaristas.

“Sou professora, me preocupo com a Educação. Não sou professora da rede pública, mas estudei a vida toda na rede pública, vejo um descaso do governo com as escolas estaduais nos últimos anos. Quero apoiar de alguma forma estes estudantes que estão tomando frente. Os meninos querem estudar. Este colégio era um dos melhores de Goiânia, não entendemos porque este colégio foi fechado”, argumentou a educadora.

“Nós separamos em comissões e estamos trabalhando. Tivemos ajuda de vários vizinhos, distribuíram colchões, comida, mantimentos, roupas, escova de dente. Os vizinhos estão tendo uma visão do que nós estamos fazendo aqui”, relatou outro estudante.

Resposta

Em nota a Secretaria de Educação, Cultura e Esporte (Seduce) informou que que a referida unidade escolar foi desativada há cerca de um ano devido ao baixo índice de alunos matriculados. Na ocasião, todos os estudantes foram relocados para o Colégio Estadual Lyceu de Goiânia. O processo de transferência ocorreu de forma tranquila, garantindo o direito de aprendizagem dos alunos.

Sobre as OSs, quando foi anunciada a decisão do governo de buscar, nas parcerias, oportunidades de otimizar os esforços para a melhoria da educação pública estadual, os setores organizados, como o Sintego, têm sido recebidos e as conversas serviram de inspiração para algumas propostas. A implantação da nova forma de gestão ocorre por meio de parceria, não de privatização ou terceirização.

 

Os estudantes nesta reportagem não tiveram os nomes revelados, pois são menores de 18 anos.