O fim do ano traz a esperança de que vamos parar de ouvir os pré-candidatos com o discurso único de que “sou candidato porque sou o melhor” e começar a saber o que eles realmente pensam sobre a prefeitura. Estou falando com foco em Goiânia, mas vale para Aparecida, Trindade, Senador Canedo e os outros 242 municípios goianos. Por enquanto, é zero a discussão sobre a cidade, já falamos disso. Como é zero o trabalho efetivo que uma pré-campanha permite.
Os pré-candidatos em geral estão usando o tempo regulamentar que permite tudo, menos pedir voto, não para o que importa, e sim para o que lhes afaga o ego. Em vez de usar os meses que antecedem a guerra para polir a imagem, ajustar currículo, preparar equipe, organizar armas e bagagens, testar discursos, ouvir até ficar rouco a população, estão em campo já com disposição de matar ou morrer. Estão fazendo campanha na pré-campanha.
Você pode até ponderar que estou excessivamente esperançoso de que a virada do ano trará junto a virada do comportamento dos pré-candidatos. É meu otimismo falando mais alto. E uma esperança genuína que a cantilena acabe e possamos entrar na reta final da definição dos candidatos com mais conteúdo e consistência que a simples noção de que um é melhor que o outro porque consegue repetir o mantra à exaustão na expectativa de que todos comprem sua conversa afiada.
As festas de fim de ano servem muito, aos filhos da política, como hora de se mostrarem filhos de Deus, na vâ esperança de que a distribuição de brinquedos e cestas básicas vão lhes render votos. Ainda bem que fazem isso, porque assim levam algo de concreto aos eleitores e famílias (contém ironia). Mas sabemos que, votos mesmo, não vão encontrar facilmente por aí. Só os puros de ação são reconhecidos pelo seu povo, seus eleitores. Os oportunistas fazem pose, postam vídeos, porém no final não passa de elementos úteis no Natal do povo.
Que mudem a ladainha e que mostrem conteúdo é uma urgência da realidade, embora mais pareça uma piada sem pé na realidade. Vou ficar com a minha esperança. É Natal e eu sou filho de Deus, e não o Papai Noel.
Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).