A eleição para prefeito de Goiânia poderá representar um grande acerto de Iris Rezende ou um monumental erro de estratégia política. O próprio líder peemedebista já confidenciou, diversas vezes que cometeu muitos erros na sua carreira política, incluindo a renúncia em 2010, mas conseguiu muitos acertos. Independente da situação, o retorno dele para a disputa eleitoral em Goiânia está configurado como um fato novo.
Não é demais lembrar que, neste espaço, em textos anteriores, alertava para o fato de que Iris Rezende ainda poderia ser considerado um provável candidato até que passasse o prazo eleitoral para a realização das convenções partidárias, em 5 de agosto, de acordo com a nova regra eleitoral. Dito e feito: Ele anunciou a volta num misto de missão religiosa com desprendimento quanto ao pedido feito pelos seus aliados. Nada de novo, pois repete com frequência que a vida política dele “só tem explicação no plano divino”.
Contraditoriamente, Iris Rezende afirmou que voltou ao cenário político – ele havia anunciado a aposentadoria – para ajudar a juventude do PMDB. Ora, foi com o discurso de que deveria abrir o espaço para a mesma juventude que ele falava da aposentadoria, em 6 de julho passado. Mais curioso, ainda, a afirmação do presidente do DEM, Ronaldo Caiado, de que Iris saiu da disputa para abrir espaço para os jovens e nenhum deles firmou-se como candidato em 30 dias. Sim, em 30 dias! Quem consegue isso hoje?
Iris Rezende passa a enfrentar uma campanha eleitoral nova, difícil como todo processo eleitoral, em que tem vários benefícios. O principal deles é o alto grau de conhecimento, sem dúvida. No entanto, começa pelo teto, por causa disso, com baixa margem para crescimento, hipoteticamente. Foi assim, nas campanhas eleitorais de 2014 e 2010 quando, na disputa para governador, ele obteve pouquíssima variação de seus índices.
Ao entrar na disputa para prefeito de Goiânia – e se for eleito – Iris sai do cenário para a disputa de 2018 para governador de Goiás. Mais eleições? Sim. Honestamente, ele assumiu que agora vai até quando morrer na disputa política por Goiânia e pelo Estado, disse o peemedebista em pronunciamento aos aliados. Assim, Iris faz exatamente o que agrada, e muito, a Ronaldo Caiado e Daniel Vilela, presidente do PMDB regional. Eles tem um caminho mais aberto para uma candidatura sem o ex-prefeito de Goiânia a incomodar suas pretensões. E, por que não dizer, agrada até à base marconista, pois Rezende poderia atrapalhar as intenções eleitorais deles.
Se Iris for derrotado na disputa para a prefeitura de Goiânia, será humilhante para o peemedebista. Até agora, foi derrotado por um candidato a governador que aprendeu a ganhar dele nas urnas. Perillo tem know-how, mas não tinha candidato a prefeito com condição política para enfrentar o processo eleitoral em Goiânia.
Não teria sido melhor para Iris Rezende resguardar-se para a disputa de 2018 e reconstituir o poder no estado de Goiás ao PMDB? Numa disputa para governador contra qualquer um da base marconista, ele teria uma larga vantagem apesar das derrotas que sofreu no interior para Perillo, nas últimas eleições. Assim, a história vai dizer se ele, Iris, cometeu um grande acerto ou um monumental erro ao disputar novamente a prefeitura de Goiânia.
Altair Tavares
Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: [email protected] .