O Governo Federal criou uma comissão nacional para subsidiar estudos e propor caminhos para a implantação da tarifa gratuita no transporte coletivo do Brasil. E para esse grupo foi escolhido um goiano: o empresário Edmundo Pinheiro.
O projeto parte do governo federal, que pretende dar um passo com doses de ousadia e conectado com objetivos eleitorais de 2026: colocar em prática um modelo que já funciona em mais de uma centena de municípios, mas que precisa de bases sólidas para chegar às grandes regiões metropolitanas.
Em Goiânia, a tarifa é parcialmente subsidiada desde o início do governo de Ronaldo Caiado. O último município a implantar o serviço é a Cidade de Goiás, administrada pelo petista Aderson Gouveia.
A escolha não deixa de ter peso político. Afinal, Edmundo Pinheiro preside a Associação Nacional de Transporte Urbano, dirige a HP Transportes e atua também no sindicato das empresas de ônibus de Goiânia. É um empresário que não aparece nas disputas partidárias, mas que tem conhecimento acumulado sobre mobilidade urbana e política.
E isso faz diferença
Ele já participou de discussões nos bastidores da política e apresentou o sistema de Goiânia a líderes políticos e acompanhou a implantação de projetos como o BRT Norte-Sul, que foi base para o conceito de “metronização” do transporte coletivo. Trata-se de alguém que sabe como o setor funciona na prática — e, mais ainda, conhece os gargalos que impedem avanços em todo o mundo.
Na comissão, a expectativa é que Edmundo leve esse olhar pragmático. Porque não basta abrir a catraca e anunciar tarifa zero. A gratuidade, para ser viável, exige controle de demanda, sistemas de informação e planejamento para evitar o colapso. Um erro no desenho pode comprometer todo o modelo e piorar a qualidade do sistema.
O Governo Federal, de acordo com as primeiras sinalizações, foca nas 20 maiores regiões metropolitanas. Faz sentido. É nesses espaços que o transporte coletivo é vital, onde a exclusão social pesa mais e onde o impacto de uma medida como a tarifa zero pode ser decisivo.
Mas o desafio é enorme
Como financiar a gratuidade em larga escala? Como garantir ônibus em número suficiente? Como evitar que a superlotação destrua a qualidade do serviço e a confiança da população? São perguntas que precisam ser respondidas, e é para isso que a comissão existe: subsidiar o governo de Lula com propostas concretas.
Edmundo Pinheiro, ao ser chamado para esse papel, não carrega uma bandeira política própria. Carrega experiência técnica. Representa o setor empresarial que opera o sistema, mas também traz o olhar de quem já circulou pelo mundo em busca de referências.
A presença de um goiano nesse debate mostra que Goiás não está apenas consumindo decisões de Brasília. Está participando delas. E isso pode significar que a experiência acumulada em Goiânia, com seus acertos e erros, terá peso na hora de definir o rumo de uma política nacional.
No fim das contas, a comissão não é palco para discursos. É uma mesa de trabalho para transformar em realidade uma proposta que pode mudar a vida de milhões de brasileiros. A presença de Edmundo Pinheiro nesse grupo é um sinal de que o governo Lula quer ouvir quem conhece o tema por dentro — e que a tarifa zero será tratada com dados técnicos. Claro que já o componente político, afinal é ela que move o mundo.
E, ressalte-se: o projeto do transporte coletivo da região metropolitana de Goiânia é tratado como referência nacional. Hoje, é parcialmente subsidiado e permite tarifa congelada desde 2019. Na prática é um programa de transferência de renda como pode ser a tarifa totalmente gratuita. Mas, não pode ser um projeto provisório. Depois que implantar, é difícil tirar.
Altair Tavares
Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: altairtavares@diariodegoias.com.br .

