28 de agosto de 2024
Publicado em • atualizado em 12/02/2020 às 23:39

Eleição em Goiânia: Derrota de Iris será vitória de Marconi

A disputa em Goiânia tende a ser uma eleição plebiscitária para o ex-prefeito Iris Rezende (PMDB). Quem mais tem a perder é ele, claro, em caso de derrota do prefeito Paulo Garcia (PT), que tenta a reeleição. Iris indicou o vice, o peemedebista Agenor Mariano, e é o avalista e principal cabo eleitoral do petista.

 
Pesquisas mais aprofundadas indicam há tempos que Paulo depende, e muito, de Iris. E tem sido Iris o pivô de situações de tensão na política. A saída de Vanderlan Cardoso, do PMDB tem tudo a ver com o ex-prefeito, alvo das mesmas velhas reclamações: manda no partido, não dá espaço a novas lideranças – a não ser as que não o ameaçam diretamente -, faz o que quer e o que não quer na legenda.
 
No caso de Vanderlan, entre outras questões, esta: diz que gostaria de ver Adib Elias fora do comando do partido, mas nada faz para Adib sair. Neste caso, quer mesmo Iris que Adib saia? Queria mesmo que ele se afastasse para Vanderlan assumir a presidência, como combinado? Porque, se quisesse, como manda no partido, era só agir. Agiu? Logo…
 
Na disputa em Goiânia, Iris coloca em jogo a candidatura a governador em 2014. Se Paulo ganha, foi ele que ganhou para Paulo. Mas, e se Paulo perder, como fica 2014 para Iris? PT e PMDB formam uma forte aliança, mas o que restará dela em caso de derrota petista na capital? No PT, por exemplo, mudaria o eixo interno de perspectiva de poder: caminharia, por exemplo, para Antônio Gomide, prefeito de Anápolis. Isso em caso de Gomide ser reeleito. Enfim, considerandos…
 
Quem menos perde em caso de derrota de seu candidato nesta eleição é justamente o maior adversário de Iris: o governador Marconi Perillo (PSDB). Para todos os efeitos, com o Caso Cachoeira, a situação está ruim para Marconi. Perder em Goiânia não será novidade. Agora, e se Iris perder – e, quem sabe, o vencedor for o nome apoiado pelo governador (ainda que esse nome não seja mais, hoje, um marconista empedernido)?
 
A derrota de Iris será vitória de Marconi, que terá tempo ou de costurar uma improvável reeleição ou de mexer as pedras do jogo político para interferir no realinhamento do novo eixo da política goiana – novo eixo a caminho, como anotou o Diário de Goiás dias atrás -, ganhando sobrevida. Porque, para Marconi  a única derrota real é uma volta de Iris ao poder. Se cercar isso – ou isso acontecer naturalmente – já estará no lucro.
 
Em resumo: volta a esperança de que a CPI avance a ponto de matar politicamente Marconi, senão ele continuará assombrando o jogo político do Estado; a Iris, o que há é quase um tudo ou nada: ou vence ou vence. Perder é perder mais uma para Marconi. Ou duas, já que seu futuro calibrado para 2014 ficará, como se diz, deverasmente comprometido.

 


(Foto: Leoiran)

Vassil Oliveira

Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).