O comando do MDB e do PSB é motivo de intensa briga judicial. Estes partidos foram derrotados nas eleições de 2018. O MDB disputou o governo do Estado tendo como candidato o deputado federal Daniel Vilela; o PSB concorreu a uma das duas vagas ao Senado com Lúcia Vânia, que buscou a reeleição. Ambos foram derrotados. Daniel, no entanto, fez convenção estadual e se manteve presidente do MDB. Lúcia foi destituída pela direção nacional.
O MDB marchou dividido no pleito, quando uma ala comandada por cinco prefeitos declarou apoio à candidatura do senador Ronaldo Caiado (DEM) ao governo. Lúcia, que recebeu convites para alianças com o MDB de Daniel Vilela e com o DEM, de Ronaldo Caiado, optou por confirmar a parceria com o PSDB de Marconi Perillo e pagou o preço.
Apesar do insucesso na disputa ao governo, Daniel Vilela não se considera derrotado. Ficou em segundo lugar, à frente do governador José Eliton (PSDB). Lúcia terminou em terceiro, á frente de Marconi (quinto) e do senador Wilder Morais (DEM). Daniel se firmou como oposição a Caiado. E tem colhido dividendos com a sua escolha. O governo Caiado enfrenta grave crise financeira, está com dificuldades para firmar uma base de apoio na Assembleia Legislativa, e seus aliados de primeira hora vivem dando alfinetas, reclamando que não foram contemplados na administração.
Daniel tem o consolo de ver os caiadistas do MDB em apuros com as demandas que lhe são cobradas dos eleitores que eles influenciaram o voto em Caiado. As rodovias estaduais na região Sudeste estão em condições precárias e causam prejuízo a imagem do prefeito de Catalão, Adib Elias. O mesmo ocorre na região Sudoeste e o impacto negativo recai sobre o prefeito de Rio Verde, Paulo do Valle, que além disto teve o desprazer de ver o adversário Lissauer Vieira (PSB) ganhar do governo a disputa pela presidência da Assembléia Legislativa.
Lúcia, sem o mandato, ficou também sem a legenda. Ela ainda não definiu se é oposição ou poderá compor com o governo Caiado, mas a direção nacional do PSB fez a opção que a maioria dos partidos fazem: colocou a direção da sigla nas mãos de quem tem mandato no Parlamento, o deputado federal Elias Vaz, que além do mandato que conquistou nas urnas trouxe para a legenda o senador Jorge Kajuru, cujo partido, o PRP, deixou de existir após a fusão com o Podemos.
A eleição de Elias Vaz não se deve à Lúcia, assim como a do senador Vanderlan Cardoso (PP) não tem influência direta de Daniel Vilela, mas há uma diferença: o MDB descarregou votos em Vanderlan, que disputava diretamente o seu mandato com o ex-governador Marconi Perillo. A decisão do ex-prefeito Maguito Vilela e do deputado federal Pedro Chaves não serem candidatos ao senado beneficiaram diretamente Vanderlan, que por isto tem no mínimo uma dívida de gratidão pelo partido.
Pesquisas internas dão conta de que Vanderlan Cardoso é um nome forte à prefeitura de Goiânia. O mais provável é que Vanderlan não seja candidato. Sua meta é outra. Está envolvido em grandes debates no Senado e a tendência é que lá continue e só dispute outro cargo se for para o governo do Estado em 2022. Enquanto isto, deve apoiar Daniel, ou Maguito na sucessão municipal.
Em Goiânia o prefeito Iris Rezende é o senhor da sua própria sucessão, sendo candidato à reeleição, ou apoiando um outro nome de seu partido, o MDB. Não seria nada estranho que o senador Vanderlan apoiasse a sua reeleição respaldando na vice Daniel Vilela ou Maguito Vilela. Isto consolidaria a aliança entre PP e MDB para 2022.
No caso da ex-senadora Lúcia Vânia o caso é mais complexo. O PSB tem também um bom nome para oferecer ao eleitor goianiense: o ex-vereador e agora deputado federal Elias Vaz. Elias exerceu praticamente cinco mandatos de vereador, protagonizou uma grande luta na Capital à frente do sindicato do transporte alternativo, quando cerca de 600 vans foram incorporadas no transporte de passageiros na cidade. A tendência é que Lúcia se abrigue no Cidadania (ex-PPS), que é dirigido pelo seu sobrinho, o ex-deputado federal Marcos Abrão.
Lúcia também é um nome conhecido do eleitorado goianiense. Sempre foi bem votada em Goiânia, onde disputou a prefeitura no ano 2000 ficando em terceiro lugar, quando Darci Accorsi, no PTB, foi para o segundo turno com Pedro Wilson, do PT, que acabou vencendo aquela eleição.
As eleições de 2020 serão um teste para 2022. A tendência é a oposição vencer em municípios importantes como em Aparecida de Goiânia, onde Gustavo Mendanha (MDB) deve ser reeleito; em Anápolis são grandes as chances de Antônio Gomide (PT) ser reconduzido à administração municipal. Em Formosa, o deputado estadual Tião Caroço (PSDB) desponta como favorito, e em Luziânia o momento parece propício para o retorno de do deputado federal Célio Silveira (PSDB) ao comando do município.
Imerso nos problemas administrativos, o governador Ronaldo Caiado (DEM) deve concentrar sua atenção no equilíbrio fiscal do Estado. Sua presença nos palanques de 2020 deve ser discreta, diante dos desafios que lhe impõe a máquina estatal.
Com características distintas das eleições anteriores, a disputa municipal de 2020 vai fortalecer os partidos, cujos dirigentes terão que organizar as siglas para uma eleição onde não haverá coligação proporcional, ou seja, as chapas de vereadores terão que ser “puras”, sem coligação com outros partidos.
Em 2020 se verá “quem tem café no bule”. Será uma eleição onde partidos podem emergir ou submergir. Quem se fortalecer, ganha impulso para o jogo maior em 2022. E é por isto que o controle das legendas em 2020 é tão importante e gera tanta cobiça e disputa agora.