27 de agosto de 2024
Publicado em • atualizado em 01/02/2014 às 18:26

Dilma tira a luz de Marconi

Texto publicado no blog Massa e Poder

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O desfecho do caso Celg tira o brilho do discurso do governador Marconi Perillo (PSDB) para a reeleição e acende uma nova oposição.

Obra da presidente Dilma que desta vez o tucano inaugura sem querer, ao contrário de muitas outras, tocadas no Estado em parceria com a União e comemoradas como feitos seus.

A Celg agora é da Eletrobras. Não é mais um patrimônio para goiano ufanar-se, e sim para lamentar.

Os oposicionistas poderão dizer hoje e na campanha que o negócio fechado apaga o argumento de que Marconi agiu certo ao impedir o ex-governador Alcides Rodrigues (PSB) de finalizar o acordo que manteria o controle da empresa nas mãos do Estado, em 2010.

No fim das contas, Goiás terá de buscar novo empréstimo (R$1,9 bilhão) para depois ainda entregar a estatal. Fica escuro outro canto no palanque governista.

Toda a energia usada para questionar o PMDB por vender Cacho­e­ira Dourada, o que de fato ocorreu no governo Maguito Vilela (1995-1998), retorna em alta voltagem em boca inimiga: “Marconi entregou a Celg”.

A ironia: exatamente quando o PMDB completava 16 anos de poder, um dos pontos fortes do ‘tempo novo’ anunciado por Marconi era exatamente a venda de Cachoeira Dourada. Falou, bradou, venceu. Agora, ele é que vai ouvir.

A força desta frase – “Marconi entregou a Celg” – na eleição deste ano poderá ser devastadora. Diante de oposicionistas amadores, ela surge como luz do sol batendo nos olhos de um motorista em alta velocidade. Pode resultar em desastre eleitoral. Cegar 16 anos de poder.

Outra ironia: nos últimos meses, o tucano tratou de vender uma relação definida como republicana por excelência, mantida com a presidente Dilma (PT).

Um entrosamento que o fez anunciar que seu governo é o que é por obra e graça das parcerias com o governo federal. A proximidade com Dilma é também contraponto político.

Com a exaltação das virtudes dela, Marconi enfatiza os defeitos que aponta em Lula. O ex-presidente, diz sempre, o persegue por tê-lo avisado do mensalão.

Como culpar a União? Como responsabilizar o PT de Dilma e o PMDB do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, depois de jogar todas as fichas em uma negociação que esperava iluminadora de sua habilidade política, ante a incompetência oposicionista em Goiás para resolver o problema Celg?

Ao longo do ano passado, Marconi Perillo ressaltou suas qualidades como tocador de obras. Buscou a comparação com o ex-governador Iris Rezende.

O mesmo Iris que derrotou depois de 16 anos de poder. O mesmo Iris que aponta como potencial adversário seu 16 anos depois.

Vender a Celg foi um bom negócio para Goiás (o sucateamento trava o seu crescimento do Estado), e péssimo para o candidato Marconi: quem quebrou a empresa, sabe-se que foram muitos; quem a entregou, foi ele.

É com este adversário que o tucano disputa desde semana passada. É seu inimigo imediato. Pode ser seu algoz em outubro. Se for candidato.