23 de dezembro de 2024
Publicado em • atualizado em 21/02/2013 às 01:42

Demissão de comissionados: os recados e a nota do chefe de gabinete

O caso da demissão de 25% dos comissionados do governo de Goiás abriu um enredo com contornos estranhos. A divulgação de uma nota, assinada pelo chefe de gabinete João Furtado, evidencia a existência de uma profunda discordância interna.

VEJA A NOTA ABAIXO.

O recado transmitido por Furtado, certamente com o consentimento e o direcionamento do governador Marconi Perillo, é de que a ordem tem que ser cumprida. 

E quem discordar que peça para sair. Mais claro, impossível.

Em um trecho, a nota fala de uma ficção: “Não há cargos políticos na administração estadual nem o que se está chamando de reserva técnica”. Ora, convenhamos, como não há cargos políticos na administração do Estado?

A nota evidencia que há vozes discordantes da demissão de 25% dos comissionados Furtado cita que “cientes da necessidade de aplicar tais medidas, entre elas a redução nos gastos com comissionados, todos nós, secretários de Estado e auxiliares do Governo de Goiás, a quem não compete contestar ordens do chefe do Poder Executivo”.

O arremate, então, contém um recado de alto poder de argumentação: “Quem discordar pode e deve entregar imediatamente o cargo que ocupa no Poder Executivo”.

Por fim, demite-se 25% dos comissionados que sairão descontentes. E fica o discurso de valorização dos efetivos. E os comissionados que ficarem, ou demonstram lealdade, ou….

Nunca no governo de Goiás uma nota de um chefe de gabinete conteve tantos recados.


NOTA DO GOVERNO DO ESTADO DE GOIÁS

A respeito da decisão do Governo de Goiás de reduzir o impacto dos salários com os servidores comissionados sobre a folha de pagamento do Poder Executivo, ressalte-se que:

1.  A decisão do Governo de Goiás de reduzir a folha de servidores com cargos em comissão em 25% é diretriz firme e técnica que tem como objetivo valorizar os servidores efetivos, a exemplo do pagamento em dia dos vencimentos, da quitação do 13º salário no mês de aniversário, além de outras ações que visam proteger a categoria, como a Meritocracia (que será modelo para o Governo Federal), cursos de qualificação permanentes, Escola de Governo Henrique Santillo, concursos públicos etc.;

2.  Com as medidas, sem dúvida severas, o Governo de Goiás corta na própria carne para dar exemplo de austeridade – conforme tem sido o comportamento desta administração – e mostra determinação para economizar os recursos necessários para melhorar a prestação de serviços à sociedade. É preciso destacar que a redução dos gastos com salários é apenas mais uma medida em um amplo conjunto de ações já anunciadas com esse objetivo;

3.  Não há cargos políticos na administração estadual nem o que se está chamando de reserva técnica. Todos os cargos, sem exceção, são de livre nomeação e exoneração do governador do Estado, que, por liberalidade, permitiu aos secretários que fizessem indicações.

4.  Cientes da necessidade de aplicar tais medidas, entre elas a redução nos gastos com comissionados, todos nós, secretários de Estado e auxiliares do Governo de Goiás, a quem não compete contestar ordens do chefe do Poder Executivo, cumpriremos as diretrizes do governador Marconi Perillo. Quem discordar pode e deve entregar imediatamente o cargo que ocupa no Poder Executivo.

 

Goiânia, 20 de fevereiro de 2013

 

João Furtado de Mendonça Neto

Chefe de Gabinete da Governadoria

 

Altair Tavares

Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: [email protected] .