06 de setembro de 2024
Publicado em • atualizado em 14/05/2017 às 20:04

Debate religioso na Câmara é caminho do nada ao lugar nenhum

(Foto: Secima)
(Foto: Secima)

Os vereadores são eleitos para legislar em benefício de toda a cidade, independente de preferência partidária, credo, cor, etnia, condição financeira, opção sexual, etc. Eles devem trabalhar em função da melhoria da qualidade de vida da população, elaborando leis, recebendo o povo, atendendo às reivindicações, desempenhando a função de mediador entre os habitantes e o prefeito.

Recentemente na Câmara Municipal de Goiânia foi debatido projeto de lei de autoria da vereadora Tatiana Lemos (PC do B), projeto de lei que autoriza a criação do Conselho Municipal dos Direitos Humanos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (COMLGBT). A votação foi bastante polêmica. Houve discussão e divisão entre parlamentares que defendiam o texto e aqueles que eram contrários. Foram 12 votos pela aprovação, cinco contra e duas abstenções.

Vários pontos são lamentáveis neste debate. O primeiro é que vereadores que não tiveram coragem de “colocar a cara na janela” e tentaram manobra para esvaziar o plenário. Parlamentar, vem do verbo “parlar”, que significa falar, conversar, debater, discutir e outros verbos semelhantes e não se acovardar, fugir, ter medo de defender as convicções. Vereador é eleito para discutir políticas que possam trazer benefícios. Se não concordam com a proposta, construa argumentos.

Na sequência, fracassou a ideia de se esvaziar o plenário. Os que eram contra a criação do conselho, e que ainda estavam na Câmara tiveram de discutir e votar o projeto. Se a proposta de fugir do debate era ruim, o fracasso da ideia também.

Outro ponto lamentável é o acirramento, opostos de quem é a favor e quem é contra. Se formou uma espécie de Goiás x Vila Nova, não importando o argumento contrário, mas apenas a ideia colocada pelo grupo. Foram poucos os discursos felizes, os ataques e defesas a religiões ou a grupos de gays e lésbicas.

Não é a primeira vez na história recente da Câmara que isso ocorreu. No ano passado, eram outros vereadores, mas o acirramento estúpido do debate da mesma forma. Em 2016, se discutia o Plano Municipal de Educação, e em debate as políticas de gênero. Se esqueceram de pontos importantes do projeto e cada parte se concentrou apenas em um debate raso.

O que os vereadores precisam pensar é que a cidade é para todos, não é para segmento A, ou B, como alguns fazem no dia a dia na Câmara Municipal de Goiânia. O parlamentar é eleito para zelar pela coletividade, pelo bem estar comum, pelo bem público, pela causa pública. Debates de classes ou na esfera religiosa, seja de ataque ou defesa, leva apenas do nada ao lugar nenhum. O acirramento só tende a aumentar e a população continuará esperando a resolução dos problemas.