Algo que causa estranheza dentro do PMDB é o comportamento do presidente do partido, o deputado federal Daniel Vilela.
Ao assumir a pré-candidatura ao governo, ele deu alento à legenda, mesmo com as relações não muito cordiais com o prefeito de Goiânia, Iris Rezende.
Isso se resolveria com o tempo, praticamente todos avaliavam.
A agenda de eventos pelo interior organizada por Daniel animou mais ainda, mostrando um líder decidido e com fôlego. Tudo que o partido precisa. E sonha, para tentar voltar ao poder.
Aí veio a lista de doações da Odebrecht, com o nome dele e do pai, o ex-governador Maguito Vilela.
Desde então, Daniel tem preferido concentrar agenda em Brasília.
Como em política não existe vácuo, nesse meio tempo cresceram as resistências a ele dentro do próprio PMDB goiano.
Nomes se animaram na disputa.
Leia mais aqui:
Outros se apressaram em trabalhar a ideia de que o melhor para o PMDB é lançar como candidato um não-peemedebista, o senador Ronaldo Caiado (DEM).
Até a possibilidade de Caiado se filiar ao PMDB passou a ser fator positivo para os peemedebistas caiadistas contra os torcedores do deputado federal.
Nesse movimento, o que vem acontecendo é uma articulação ordenada de desgaste do nome de Daniel Vilela.
Chegam a dá-lo como carta fora da disputa.
Tem até lances engraçados. Como ouvir peemedebistas goianos criticando Daniel por ele apoiar o presidente da República, Michel Temer – que é do PMDB –, e as reformas do governo federal em andamento no Congresso.
Ele e Iris, por sinal. Há poucos dias o prefeito de Goiânia também defendeu o presidente.
Os governistas, vendo essa velha anarquia peemedebista – velha, porque recorrente nos últimos anos –, aproveitam para colocar lenha na fogueira. Fomentam mais ainda o desgaste de Daniel, que é um crítico duro do governador Marconi Perillo (PSDB).
Assim, Daniel Vilela enfrenta o fogo inimigo – com forte poder de mídia – e o fogo amigo – com forte poder de implosão –, tudo ao mesmo tempo.
Aí a questão: como Daniel vai reagir? Quando?
Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).