1 – O MDB tem conversado com o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), com interesse em espaço na administração. Como contrapartida, mostra disposição em apoiá-lo na reeleição, ano que vem.
2 – O MDB firmou posição esta semana, anunciada por seu presidente estadual, Daniel Vilela, de lançar candidato próprio a prefeito de Goiânia em 2024.
Como assim?
O MDB que quer Rogério é o da Câmara. Os vereadores mantém diálogo constante com o prefeito. De olho na reeleição, o que querem, na prática, é contar com a força da máquina pública o máximo possível até a campanha.
O MDB que quer candidatura própria, e isso quer dizer disposição anunciada para enfrentá-lo na próxima eleição, é o que faz as contas para outra eleição, a de governador. O candidato? Daniel Vilela. Com a prefeitura de Goiânia conquistada, o poder de fogo da legenda fica maior ainda.
Daniel,
– que é vice do governador Ronaldo Caiado (União Brasil),
– que torce pela candidatura da emedebista Ana Paula Rezende – filha de Iris Rezende – em Goiânia,
– e que agora passa a contar também no seu entorno com o ex-prefeito de Aparecida, Gustavo Mendanha, de retorno ao partido, faz seu jogo e joga pra ganhar tudo. Elementar.
(Gustavo é outro que sonha com uma candidatura na Capital. Mas isso vai depender de muita coisa, principalmente da Justiça. Hoje, a seu favor, tem boa imagem e boa aceitação em Goiânia, o que mostram pesquisas que circulam nos bastidores.)
O MDB, portanto, tem um plano. E ele não passa por Rogério Cruz.
Rogério também tem um plano, só que ele passa(va?) pelo MDB. E aí deu ruim.
Rogério tem feito acenos e conversas as mais variadas. Com MDB, com PP, com qualquer legenda que se disponha a caminhar com ele em 2024. Com o governador, deixou claro que namoro é pouco; quer casamento.
Mas, tirando a espuma do noticiário, nada está fechado. Nada está amarrado. Mesmo com seu partido há pontos a serem resolvidos. E o governador, se tiver que escolher, fica com ele ou o MDB?
Rogério Cruz é naturalmente favorito ainda. Porém corre o risco de ficar isolado, se não centrar esforços em fazer o básico da política: ciscar para dentro. E, cada vez mais, aparar arestas. Peitar a realidade não é uma opção. Se não construir, nas palavras de emedebista de velha linhagem, pontes, pode não chegar lá.
Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).