Praticar atividade física em qualquer tempo da vida faz bem pra saúde. Fazer exercícios ajuda a se distanciar da morte, vivendo mais e melhor. Entre os benefícios, a prevenção de doenças como: hipertensão, derrames, varizes, obesidade, diabetes, osteoporose, câncer, ansiedade, depressão, problemas no coração e pulmões; A atividade física é um dos parâmetros para uma boa qualidade de vida, principalmente quando se chega a “melhor idade”, já que haverá reflexos positivos ou negativos.
A média de vida da população brasileira tem aumentado. Segundo dados do IBGE, o brasileiro vive, em média, de 75,5 anos. Em 2013, pessoas com 60 anos ou mais somavam o equivalente a 13% da população. De acordo com estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), os idosos serão 30% em 2050. Para permanecer bem na “melhor idade”, José Sebastião Lima de 80 anos faz caminhadas diárias. Ele começou em 1999 quando tinha 62 anos e havia sofrido diversos problemas no coração.
José Sebastião afirmou que caminha a cada dia para continuar a viver. O desejo de caminhar a cada dia faz o distanciar da morte, mesmo quando ela se aproxima. A atividade física fecha a porta na “cara” da morte e o ajuda a prolongar os dias, de uma forma agradável.
“É difícil de mensurar, mas acho que estou vivo até hoje por conta da caminhada toda manhã. Eu já operei o coração em 1999, tive de ser submetido a três pontes, meu coração é fraco, bate devagar, tive duas paradas cardíacas e coloquei o marca-passo. Vou caminhando para continuar e viver”, explicou.
José declarou que os problemas de saúde o motivaram a permanecer a lutar pela vida e faz isso de uma forma prazerosa. Ele caminha todas as manhãs no Bosque dos Buritis, unidade de conservação ambiental situada na região central de Goiânia. O idoso explicou que o lugar contribui já que a umidade relativa do ar na capital está baixa neste início de setembro e a temperatura é mais agradável do que em outros pontos da cidade.
O idoso declarou que no mês de abril chegou a ficar desacordado, após ter sofrido novamente um problema no coração. Ele teve que colocar um marca-passo e que mesmo em uma condição mais frágil, recebeu orientação médica para não parar com as atividades físicas para que continue vivendo melhor.
“Eu faço caminhada durante uma hora. Isso é um remédio para mim. Eu tomo medicamentos para coração, coloquei marca-passo. No dia 21 de abril eu estava caminhando e caí desacordado, perdi os sentidos, tive de colocar marca-passo e meu médico mandou não parar com a caminhada e aqui estou”, declarou.
A participação em um programa de exercícios físicos na terceira idade pode levar à redução de 25% nos casos de doenças cardiovasculares, 10% nos casos de acidente vascular cerebral, doença respiratória crônica e distúrbios mentais.
Outra pessoa que está na “melhor idade” e que também faz exercícios físicos no Bosque dos Buritis é Pedro Tomaz de Paula de 67 anos. Ele não quer saber de doenças. Pedro está em excelente forma e não enfrenta problemas de saúde. Ele tem uma intensa programação semanal de atividades físicas. A agenda de atividades esportivas dele é de dar inveja a muitos jovens.
Pedro afirmou que fazer exercícios tem o ajudado a melhorar a qualidade de vida, tendo uma saúde mais forte, colaborando para que ele possa usufruir momentos de lazer e ainda comer o que quiser, tornando assim a vida mais agradável.
“Eu faço treinos de corrida, caminhadas, alongamentos e flexão de braço ao ar livre, as segundas, quartas e sextas e as terças, quintas e sábados eu jogo peteca. Aos domingos eu descanso, porque ninguém é de ferro. Não tenho doença alguma”, indicou.
Pedro disse que prefere fazer exercícios de forma regular ao invés de ficar dentro de casa, reclamando que está sentido dores no corpo. “Não sinto dores no corpo, consigo manter o peso ideal. Eu acho que posso viver mais do que uma pessoa sedentária. Não ficar dentro de casa lamentando dores no corpo e uma boa qualidade de vida. Repeti meus exames de sangue nesta semana, todos os parâmetros estão normais. Posso comer tudo o que quero, claro com moderação”, afirmou.
Não deixar para depois
Mas para se ter uma boa qualidade de vida na velhice, quem ainda não chegou a melhor idade deve se cuidar enquanto está jovem. Se a saúde não for preservada, corre o risco de não chegar à casa dos 60 anos.
Uma boa qualidade de vida na “melhor idade”, é perfeitamente possível. José e Pedro que contaram suas experiências são provas disso. No entanto, é preciso lembrar que também é preciso manter um padrão de boa qualidade de vida durante o ciclo de vida. Os reflexos positivos virão alguns anos à frente, quando chegar a velhice.
Um exemplo positivo é Charlie Pereira. Ele tem 43 anos trabalha cerca de 10 horas por dia. Foi preciso abrir um tempo na agenda diária para melhorar a qualidade de vida. Charlie foi contagiado pela esposa Luciana Leão, 33 anos. Ela começou praticar atividade física. Escolheu a corrida. Em uma festividade, ao tirar uma foto, Charlie percebeu que estava muito acima do peso e que isso poderia trazer problemas à saúde dele. Ao Diário de Goiás, ele contou que esteticamente se sentiu mal. Foi aí que também decidiu correr contra o sedentarismo.
“A partir do momento que tomei a decisão de buscar uma atividade física para melhorar minha situação, fiz exames e se comprovou o que estava desenhado, as taxas bem elevadas, acima dos padrões ideais, era necessário uma perda de peso para que eu pudesse ter as taxas em dia. Desde fevereiro de 2015 minha rotina mudou”, declarou.
Charlie e Luciana correm diariamente em um conhecido ponto de corrida na capital, a Alameda Ricardo Paranhos, no Setor Marista. Luciana Leão afirmou que a decisão para que o esposo mudasse de atitude não partiu dela, mas dele e isso fez toda diferença. “Ele acabou se espelhando, mas a decisão foi dele. A pessoa tem que querer, precisa ter interesse de mudar a vida, de passar a ter a vida melhor”, disse.
Charlie reconhece que a vida dele teve um grande salto de qualidade. Ele contou a reportagem que com a atitude que tomou certamente a vida dele será mais longa e mais saudável. “Eu acho que se eu tivesse com o peso e a vida sedentária que estava teria muito mais dificuldades. Tenho certeza que minha vida será mais longa e mais agradável”, declarou.
Ajuda
Ao fazer atividades físicas, muitos às vezes podem desistir, por uma lesão ou por desânimo. A ajuda de um profissional pode ser fundamental para que ninguém fique pelo caminho e tenha novamente problemas de saúde. Os professores de Educação Física, Stelia Carvalho e Felipe Santos, dão assistência a pessoas que participam do grupo de corridas Infinity. As atividades são diárias e realizadas na Alameda Ricardo Paranhos.
Ao Diário de Goiás, Stelia explicou que o profissional precisa estar preparado para não deixar o aluno desmotivar. “Temos que estar preparados para dar todo o suporte a pessoa e não deixar ela desmotivar, trabalhar mesmo com motivação e realmente estar junto. Não deixar a pessoa esquecer objetivos e a gente se preparar como profissional para apoiar nossos atletas”, afirmou.
Felipe Santos disse que para manter a motivação é preciso não apenas trabalhar na parte física, mas também no psicológico. Ele relatou que em muitos casos pessoas se sentem mais jovens e com mais qualidade de vida.
“A motivação é muito importante para buscar uma qualidade de vida melhor, principalmente de questões de longevidade, taxas hormonais, entre outros indicadores, que mudam a longo prazo e isso deixa a pessoa mais jovem. Diante disso nós trabalhamos com a preparação física, a operacionalização correta para que a pessoa consiga se desenvolver dentro do limite dela. Nosso papel é ajudar a ter paciência, a ter persistência, fazer com que ela não desista”, descreveu.
Stelia completou que a atividade física vai além de um bem estar para o corpo. A professora destacou que no dia a dia dela conheceu pessoas que procuraram correr para uma vida melhor, fugindo de várias situações desagradáveis, de doenças que agem na mente, por exemplo, a depressão. “A atividade física vai muito além da questão física, ela vai também no psicossocial. Tem pessoas que começam a correr para tratar da depressão. Interagir, proporcionar mais liberdade, conhecer pessoas novas e fortalecer laços”, destacou.
Além da atividade física
Longevidade não é apenas viver por um período maior de anos, mas sim, viver melhor. É o que destacou a professora da faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás (UFG), Lizete Malagoni de Oliveira. Ela participou de uma pesquisa em que muitos aspectos relacionados à qualidade de vida foram avaliados de uma forma positiva por idosos que participam de grupos, especialmente aqueles relativos ao convívio social e ao enfrentamento de situações difíceis.
“Existe uma máxima que a gente ouve que é: não basta acrescentar anos na vida. É preciso acrescentar qualidade aos anos vividos. A nossa preocupação é muito mais com a qualidade que os idosos estão conseguindo para sua vida. Não interessa apenas viver por muitos anos, mas que viva com a melhor qualidade possível”, explicou a professora.
O estudo realizado pela UFG foi iniciado em 2011, foi desenvolvido com dois grupos. Um deles na Unidade Básica de Saúde da Vila Pedroso, em Goiânia, que se reúne com frequência semanal para falar de assuntos relacionados a promoção da saúde e prevenção de doenças, mas também para realizar atividades físicas, trabalhos manuais e passeios.
Como definir se a qualidade de vida é boa ou não? É um termo bastante subjetivo, cada um define de acordo com aquilo que acha mais relevante para o seu bem-estar. Envelhecer com qualidade significa estar satisfeito com a vida atual e além disso, ter expectativas positivas em relação ao futuro.