As reações às ameaças e ataques a creches e escolas estão mais para susto do que para solução. Mais para atender plateia do que para ir no cerne da questão. Governantes, políticos e até pais querem guarda na porta como instância superior quando o que precisamos é luz no coração e um pouco de mel na razão.
Nossos maiores inimigos nesta hora de imensa insensatez estão dentro, não estão fora. Fora estão os bandidos de sempre, a fauna humana do ser desumano. Dentro não estão bandidos. Estamos nós, quem somos, quem sonhamos ser, toda a nossa essência de corpo e alma. Essa que está corrompida por um vírus ainda sem vacina.
As polícias nos guardam, mas não podem nos salvar de nós mesmos. Pais, filhos, sociedade, políticos, todos somos o problema, e só juntos podemos ser a solução. A salvação da família e da pátria não pode ficar restrita a discursos demagogos, nem justificar velhos fascismos com pegada moderna nas plataformas digitais. A família precisa ser sacudida para ser a cura de si própria.
Além das medidas paliativas, a maldade que nos representa precisa ser combatida com o estofo dos valores de berço somado ao chão dos valores constitucionais, racionais e do bom senso. Sem histeria e sem personalismos na interpretação dos fatos, das news e das causas. A vida precisa ser vivida fora das eleições e dentro dos corações de verdade.
Não é fácil. Não é simples. Não depende de um apenas. Um por todos e todos por um nunca foi tão necessário como regra de sobrevivência. É isto ou quase nada. Continuaremos sacudidos por tragédias, reféns das fake soluções políticas e em processo acelerado de autodestruição meteórica. Eu me salvarei com a morte cada vez mais próxima, posto que o tempo passa e me leva junto há mais de 50 anos. Mas e meus filhos? E seus netos? E o que nos resta de dignidade humana?
Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).