O impressionante mau humor de parte da mídia brasileira em relação à Copa do Mundo tem uma clara relação com a disputa eleitoral de 2014. Sem rodeios, está claro que há uma intenção de derrota brasileira com o foco eleitoral. O mundial de futebol, as Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI´s), tudo está contaminado pelo clima da disputa pelos votos. No Brasil, criou-se a cultura, pouco baseada na realidade, de que o resultado de uma disputa da Copa pode prejudicar ou ajudar algum candidato a presidente e seus aliados.
Se assim fosse, a derrota do Brasil no campeonato de futebol de 2002, ano em que Luís Inácio Lula da Silva, venceu a disputa para presidente, ajudou a vitória do petista? E, em 1994, a vitória do Brasil ajudou a eleição de Fernando Henrique Cardoso (PSDB)? A derrota brasileira na Copa de 2006 ajudou a reeleição de Lula? A eleição da presidente Dilma Rousseff foi prejudicada pela derrota do Brasil em 2010? A resposta a todas as pergunta é: não!
Mas, agora, a Copa do Mundo acontece no Brasil e poderá ser diferente? Parece que sim. O Brasil não apenas joga, ele é o anfitrião do evento. E é exatamente esta dimensão que caiu no centro do debate político. A Copa equivale a uma grande obra. O sucesso dela, no geral, apesar de uma derrota brasileira, poderá amenizar uma hipotética tristeza brasileira. Mas, se o evento for um sucesso e o Brasil for campeão, o êxtase chegará a um patamar alto. E é exatamente isso que não agradaria, de jeito nenhum, à oposição.
Tanto a mídia quanto os políticos ainda não entenderam que o Brasil mudou, e os eleitores também. É bom que os brasileiros cobrem melhores investimentos, mas é péssimo o fato de que há profundas distorções sobre críticas feitas à realização da Copa do Mundo no Brasil. O pior é que muitas informações sobre o evento e a reprodução dos questionamentos se baseiam em inverdades.
Depois da Copa do Mundo o Brasil voltará ao normal, mas o clima eleitoral estará apenas começando. Os brasileiros continuarão olhando para o país e perceberão de fato o discurso eleitoral no qual estão envolvidos. E as obras da Copa estarão lá para, novamente, abastecer o debate.
Copa do Mundo é tempo de torcida. O pior é que eleição, também. Futebol e política mexem com as paixões dos brasileiros e brasileiras. Torcedores aparecem de vários lados, posições e ideologias. A Copa foi contaminada pela disputa política e a grande mídia participa com a disseminação de um mau humor impressionante. Quem diria que, no dia que o Brasil conquistou o direito de sediar o evento, haveria tamanha rejeição a Copa. Este é o fato novo do evento. A bola vai rolar….quem vai ganhar? Só depois que o árbitro apitar o final do jogo é que será possível identificar uma conclusão.
(Texto publicado no Tribuna do Planalto )
Altair Tavares
Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: [email protected] .