23 de dezembro de 2024
Publicado em • atualizado em 10/05/2013 às 14:32

Como Samuel, Bruno e Paulo Cezar enterraram a CPI da oposição

No dia 7, terça-feira, o combinado entre os 16 deputados oposicionistas era: algum deputado do PT ou do PMDB seria o primeiro inscrito na ordem do dia a apresentar o requerimento, já com as 16 assinaturas, pedindo a instalação da CPI dos Grampos na Assembleia Legislativa.

Na reunião, por insistência dos deputados peemedebistas Samuel Belchior e Bruno Peixoto, a preferência foi dada ao PMDB, por ser o detentor da maior bancada. Eles insistiram na defesa veemente do deputado Paulo César Martins para a apresentação do requerimento. Foi feita contestação por alguns deputados que estavam na reunião, mas não foi suficiente.

Curiosamente, durante a reunião entre os deputados da oposição, Paulo César Martins declarou sua opinião sobre a proposta da CPI dos Grampos: era contra e assinou a proposta por que foi obrigado pela Executiva do partido.

E foi esse personagem, contrário à CPI, que a direção do PMDB havia escolhido para apresentar o importante documento da proposta da CPI.

Por volta das 14 horas, uma hora antes do início da sessão ordinária, os peemedebistas Samuel Belchior (presidente estadual do partido) e Bruno Peixoto (líder do partido na Assembleia) confirmaram a escolha: o controverso Paulo Cesar Martins levaria a missão para frente.

O mesmo Paulo Cezar que havia retirado sua assinatura, na surdina, de outras CPIs pedidas pela oposição dois meses antes. O mesmo Paulo Cezar que votou na Assembleia contra o pedido do STJ para processar o governador Marconi Perillo.

Paulo Cezar enrolou, junto com o deputado Bruno Peixoto, distante e discplicente, e não foi o primeiro inscrito na Ordem do Dia, como combinado. Resultado: Marcos Martins (PSDB) apresentou, antes da oposição, um requerimento pedindo a instalação da CPI dos Grampos. E Paulo Cezar Martins, atrasado, apresentou o requerimento da oposição. Como é de conhecimento de Paulo Cezar e de todos os deputados da Casa, o requerimento que vale, em caso de duas CPIs com o mesmo tema, é o primeiro apresentado. Portanto, a CPI a ser instalada é a pedida pelos deputados marconistas. 

O caso, acima resumido, só mostra que ainda há muitos na oposição com comportamentos estranhos. No mesmo dia, Paulo Cezar Martins e Bruno Peixoto foram vistos saindo da Assembleia acompanhados do tucano Helder Valin, presidente da Casa. 

O resultado é que, em 2014, o PMDB irá para a eleição para governador com um presidente estadual que joga mais contra do que a favor do partido (e que já disse apostar em uma “oposição silenciosa”) e com um líder na Assembleia cujo último interesse é ser de fato oposição. 

Por isso, mesmo com a popularidade em baixa, o governador Marconi Perillo (PSDB) ainda alimenta alguma esperança de vitória em 2014. Não por méritos pessoais ou de seu governo, mas porque conta com um aliado respeitável: a oposição, que até hoje ainda não existe em Goiás.

Altair Tavares

Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: [email protected] .