28 de agosto de 2024
Publicado em • atualizado em 02/08/2023 às 08:18

Como plantar e colher oposição sólida na política em Goiás

Perillo e Caiado em evento de 2014 em um dos poucos eventos em que estiveram juntos (foto divulgação)
Perillo e Caiado em evento de 2014 em um dos poucos eventos em que estiveram juntos (foto divulgação)

Enquanto Marconi Perillo (PSDB) mandou na política de Goiás, o que durou longos 20 anos, a crítica recorrente ao MDB era que o partido fazia campanha sempre olhando para trás. Os discursos eram um muro de lamentações, com citações de feitos e realizações por todo o estado. O tucano, ao contrário, sempre aumentava a aposta: a cada eleição, prometia mais. E levava. Até que o povo cansou disso, e abriu caminho para um Caiado de família histórica em solo goiano, que anunciava a mudança e apontava um futuro promissor.

Ronaldo Caiado continua anunciando boas novas e abrindo cortinas para o futuro. O seu discurso só olha para trás com objetivo de atirar no “atraso”, personificado agora por Marconi. E Marconi comprou a pauta. Em grupos de apoiadores e nas conversas com aliados, o que mais se vê é a verve da comparação entre o que um fez e o outro não faz. As obras marconistas surgem gloriosas em vídeos e fotos, ante um governo atual que pouco concreto ergueu. Como se a vida fosse definida em número de tijolos assentados.

Marconi discursa para o passado, e Caiado fala para o futuro. É a inversão de papéis mais evidente e mais notória hoje, e que ensina de forma didática o tipo de oposição que, em se plantando, nada dá. No interior tem uma expressão perfeita para isso: oposição rabo de égua, só cresce para baixo. O vislumbre de um novo estado, de um novo tempo, de uma renovação, está sempre à frente. O que foi feito, a história batida, é a terra tombada, a base onde se semeia o que ainda vai nascer.

Quando Caiado diz que não há oposição sólida em Goiás está ironizando, mas também chamando para que ela se estabeleça. Porque não há situação sem oposição. De alguma forma, a oposição vai ser formada e vai se estabelecer. E o pior que pode acontecer para o estado é que essa oposição seja menor que a situação, que apequene a política local que ele, Iris Rezende e mesmo Marconi, em certo momento, engrandeceram.

Porque, vejam: em 1998, Iris era a situação, e Marconi e Caiado a oposição. E a oposição venceu, em aliança. O tempo, o que fez: juntou Iris e Caiado, ambos em ascensão depois da queda – quem não se lembra da rasteira do tucano em Caiado, no início da década de 2000? -, e separou Marconi, que desceu ao abismo dos infernos, de onde ainda não saiu. Quem envelheceu, no final das contas? Marconi, a esperança perdida de um tempo novo.

A situação em Goiás está se renovando, ainda que com DNA no passado de Caiado, Iris, Maguito/Daniel Vilela. Tem um pé no futuro. A oposição sólida não existe porque a única que se vê, com Marconi, rema em direção contrária. Em outra visão dos fatos, é o caso de dizer: a oposição sólida é uma oportunidade do tamanho de Caiado e Daniel; o que falta é quem acredite nisso e faça sua parte. O primeiro a chegar, leva o outro polo das disputas eleitorais no estado. Daí é só inverter, ou reverter, o jogo.

Vassil Oliveira

Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).