22 de novembro de 2024
Publicado em • atualizado em 07/07/2023 às 11:11

Começou a dança dos diálogos para eleições de 2024 e essa é uma boa notícia

Governador de Goiás Ronaldo Caiado (União Brasil), prefeito de Goiânia Rogério Cruz (Republicanos), vice-governador Daniel Vilela (MDB) e prefeito de Aparecida Vilmar Mariano (Patriota). Fotos: Cristiano Borges/reprodução/Facebook/Secom/Wigor Vieira.
Governador de Goiás Ronaldo Caiado (União Brasil), prefeito de Goiânia Rogério Cruz (Republicanos), vice-governador Daniel Vilela (MDB) e prefeito de Aparecida Vilmar Mariano (Patriota). Fotos: Cristiano Borges/reprodução/Facebook/Secom/Wigor Vieira.

Rogério Cruz (Republicanos), prefeito de Goiânia, busca diálogo com Daniel Vilela, vice-governador e presidente estadual do MDB, para aliança em Goiânia. Quer a reeleição. Vilmar Mariano (Patriota), também. Está pronto, inclusive, para voltar ao MDB. O prefeito de Senador Canedo, Fernando Pellozo, trocou o PSD do senador Vanderlan Cardoso, seu ex-padrinho político, pelo União Brasil do governador Ronaldo Caiado. Ao mesmo tempo, conversa com Daniel, porque o MDB do vice tem pré-candidato lá, o empresário Alexandre Braga, que por sua vez encosta ao pé do ouvido de Caiado e do próprio Daniel.

Estes são só alguns exemplos dos jogos eleitorais em movimento no estado. Em todos os municípios há nomes se movimentando e, depois de um momento de vetos peremptórios a alianças impensáveis como a de bolsonaristas e lulistas, até essa barreira começa a ser superada. Tudo em nome da formação de chapas lá na frente. Os limites das cercas ideológicas – melhor: supostamente ideológicas -, vão caindo ou se alargando a cada aceno dos grupos de interesse.

Não deixa de ser uma boa notícia essa escaramuça, tão natural à política em todos os tempos, menos nos últimos quatro ou cinco anos. O radicalismo não só perde terreno para o elástico do pragmatismo eleitoral, como retoma seu protagonismo como velha e boa prática política de resultados para todos. Com republicanismo ou não, como sói acontecer nas melhores famílias de eleitores brasileiros. (“Sói acontecer” soa bonito né.) Vemos cada vez mais poeira subindo e nuvem se mexendo nos céus do que corpos caindo e almas subindo ao léu.

Mas tem os radicais. Tem. Tem os elementos desnecessários. Tem. Tem a escatologia dos bate-bocas. Tem, tem, sim. E pode ser que vença lá na frente, claro. Porém há no horizonte esperança de que a política começa a perder a casca da farsa moral e cívica para o chão da realidade. E isso importa. Se só eu tenho esperança, tudo bem. Podem me chamar de última esperança que resta. Vejo o benefício da política sobre a hipocrisia e não consigo imaginar como superar a realidade paralela dos que só veem o que lhes convém, só sofrem pelo que os faz refém, e só celebram o que está além da conta.

Falo de fatos. Quando o presidente Lula (PT) e o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) mostram disposição para uma troca de elogios que seja, e ainda mais quando o partido símbolo da direito não radical admite compor o governo da esquerda não radical, tudo aponta para um centro de convergência: o Brasil. Oposição e situação devem se enfrentar, mas jamais ao ponto de se matarem. E se, cada um a seu modo e com espírito público constroem, este é o caminho, a verdade e a luz. Significa que temos uma sociedade se protegendo e se provocando em uma dialética propositiva e positiva.

Caiado, pela boa aprovação de seu governo, como pesquisas recentes revelam, é um cabo eleitoral cobiçado por candidatos a prefeito da situação e da oposição. Na campanha passada, ficou comprovado que seu votos não se restringiram ao seu campo ideológico. E ele não se restringe a compor só com os seus. Em Goiânia, Rogério Cruz quer seu apoio, assim como Vanderlan quer e até mesmo um nome petista, embora ele aponte para a emedebista Ana Paula Rezende. Também buscam seu apoio Vilmarzinho, o deputado Professor Alcides (PL), em Aparecida. E, em Canedo, o atual prefeito e Alexandre Braga ou qualquer outro possível nome.

Não há vencedores entre os candidatos de si mesmo. Espelho não é urna.

Vassil Oliveira

Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).