22 de novembro de 2024
Publicado em • atualizado em 31/01/2024 às 09:07

Com Jânio Darrot e Gustavo Mendanha em ação, Caiado trava negociações dos outros pré-candidatos a prefeito de Goiânia e manda no jogo

Gustavo Mendanha (Foto: Redes Sociais); Ronaldo Caiado (Foto: Secom do Governo de Goiás); Jânio Darrot (Foto: Redes Sociais).
Gustavo Mendanha (Foto: Redes Sociais); Ronaldo Caiado (Foto: Secom do Governo de Goiás); Jânio Darrot (Foto: Redes Sociais).

Gustavo Mendanha, ex-prefeito de Aparecida de Goiânia e ex-candidato a governador, formalizou apoio ao empresário e ex-prefeito de Trindade, Jânio Darrot, que se movimenta agora como pré-candidato a prefeito de Goiânia. São dois nomes que se deram bem administrando cidades da região metropolitana juntando forças e perfis para ver se emplacam na capital.

Em pesquisas do ano passado, Gustavo surgia bem posicionado. E assim como Jânio – embora com mais destaque – apresentava as qualidades apontadas em pesquisas qualitativas como as buscadas pelo eleitor goianiense, como comprovação de ser um bom gestor.

Gustavo está impedido de ser candidato, por ter acabado de deixar a administração de Aparecida, problema que Jânio não tem. Em tese, pode ser que lá na frente, caso Gustavo reverta a situação na justiça eleitoral e possa ser candidato, a chapa seja invertida. É uma possibilidade, mas não significa que isso esteja acordado entre os dois e quem os patrocina.

Sobre este patrocínio, diga-se de ordem política, claramente partiria do governador Ronaldo Caiado (União Brasil). Jânio e Gustavo estão ligados a Caiado e ao seu vice e presidente do MDB, Daniel Vilela. Estão, também, maleáveis quanto aos partidos que integrarão, o que facilita tudo. Jânio está no MDB, mas pronto para ir para o União Brasil; Gustavo está sem partido e com um pé no MDB.

Aparecida e Trindade x Goiânia

Caiado, na segunda-feira, 29, deu mais um passo dentro do caos que virou sua base aliada na discussão da candidatura a prefeito de Goiânia. Disse que não tem nada definido, nenhum nome é certo, e que vai ouvir todas as lideranças de legenda aliadas, os pretensos pré-candidatos, até chegar à melhor chapa que represente sua base na eleição de outubro.

Parece um balde de água fria nas pretensões de Jânio. E por que, no dia seguinte, Gustavo entra de cabeça no projeto do colega de Trindade? São movimentos naturais de construção de chapa e unidade. Caiado zera o processo com todos já sabendo aonde ele quer chegar. Claro, nada impede que no caminho outro nome apareça e outra chapa se desenhe. Porém, neste momento Jânio é o seu escolhido e Gustavo já foi na frente. É o que se tem para agora.

No anúncio de seu apoio a Jânio, Gustavo levou aliados de Aparecida que integraram seu governo e anunciou que vai apresentar ideias, propostas, tudo que couber no Plano de Governo para Goiânia. Chega como candidato a prefeito, com toda uma equipe própria, embora o candidato seja outro. No momento, um ganho para Jânio. Caso ganhe, um potencial problema de justaposição de comando. Coisa para se resolver depois.

Um cuidado para a dupla Jânio e Gustavo é exatamente mostrar aos goianienses – os políticos, em especial – que, eventualmente eleitos, não vão ocupar o Paço com seus aliados de Aparecida e Trindade. Seria a percepção de uma espécie de invasão do entorno no espaço político da Capital. Durante a campanha, isso vira ouro para os adversários usarem nos ataques e questionamentos, e numa possível gestão acaba em guerra de vaidades, para se dizer pouco.

Depende de Caiado

Nessas movimentações, uma constatação: Caiado continua ganhando tempo para costurar sua candidatura nacional a presidente da República. Com Jânio e Gustavo em campo, põe marcha na sua base. Com as conversas anunciadas com os partidos aliados, cria expectativa a seu favor e diminui o ímpeto das articulações adversárias.

Tudo vai depender de hoje em diante, na eleição em Goiânia, dessas conversas de Caiado, essa a verdade. Qualquer costura de Vanderlan Cardoso (PSD), Adriana Accorsi (PT), Gustavo Gayer (PL) ou qualquer outro nome dependerá das tratativas de Caiado com demais legendas. Caiado, de certa forma, travou as negociações.

Essa trava vale para o prefeito Rogério Cruz (Republicanos), que recebeu recado curto e direto na entrevista do vice, Daniel Vilela, ao O Popular na sexta, 26: se desistir da reeleição, terá apoio do governo para fechar bem a administração em Goiânia. Lembremos que Rogério contava com o apoio de Caiado para sua reeleição.

Bruno Peixoto

Três perguntas:

1 – Com Jânio ocupando espaço na mídia e a expectativa de diálogo do governador com os partidos da base para formação de uma aliança, o que sobra para o presidente da Assembleia Legislativa, Bruno Peixoto (União Brasil)?

2 – O que será da ameaça de seu pai, vereador Tião Peixoto, de confronto com Caiado, feita com o pedido de liberação de seu filho do União Brasil, para que possa ir, por exemplo – segundo ele -, para o PSDB?

3 – A expectativa sobre o que vai fazer Bruno Peixoto de agora em diante ocupa os bastidores. As apostas, também. Mas, na prática, ele pode continuar como pré-candidato e entrar no escrutínio que o governador começou a fazer. Ou não?

Vassil Oliveira

Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).