31 de agosto de 2024
Publicado em • atualizado em 13/02/2020 às 01:03

Cenas dos próximos capítulos da articulação nacional de Alckmin e Marconi

A Cena: numa sala de visita, em São Paulo, os governadores Marconi Perillo, de Goiás, e Geraldo Alkmin, São Paulo (ambos PSDB), sentados em um sofá branco, sem paletó, sem gravata, relaxados, como dois amigos à vontade em uma roda de bate papo.

Sala sóbria, bem iluminada, distância medida entre um e outro, gestos comedidos, sorrisos ocasionais, um pronto para lançar a bola para o outro fazer o gol. Sem pressa, sem ansiedade. Toque de classe.

Na página do Facebook, internautas escrevendo, se manifestando, imagens de likes, carinhas zangadas, corações explodindo, gente entrando a todo instante.

A algazarra própria de uma transmissão que tem torcida, atrai a atenção. Um sucesso de público.

Mensagem de abertura dos dois tucanos: estamos aqui para ouvir e falar de temas nacionais.

Isso tudo quer dizer…

Escolha a alternativa:

– Ato político de fortalecimento de uma parceria entre tucanos cordiais que se desenha há anos.

– Ato de apresentação de uma possível chapa de candidato a presidente da República e vice.

– Ato de fortalecimendo de Marconi Perillo como candidato de Geraldo Alckmin a presidente nacional do PSDB.

– Dois nomes em busca de um lugar ao sol em 2018: para ser candidato; para sentar à mesa dos protagonistas; para o que for.

– Palanque para demonstração de preparo para o debate de temas nacionais.

– Palco para avaliação de imagem.

– Teste de ferramenta, recurso, performance, estratégia de marketing.

– Medição de desempenho em redes sociais.

– Comprovação de sintonia, afinidade: com a tecnologia, com a modernidade.

– Todas as alternativas anteriores.

A mensagem subliminar presente na live de Marconi e Alckmin neste domingo é a grande questão.

Tem mais importância no panorama político nacional do que as opiniões emitidas.

As opiniões não surpreenderam. Nada bombástico, nada inédito.

Como convém a quem quer ser notado, eles foram firmes e diretos.

Falaram sobre tudo: reforma da Previdência, reforma política, ajustes de contas do governo, políticas públicas em geral.

Que um é a favor de voto distrital misto ou puro (Alckmin), e que o outro defende a fim das coligações proporcionais (Marconi).

Confira aqui:
Marconi e Alckmin juntos em live do Facebook

Porque o objetivo era outro.

Na primeira participação de internauta levada a eles, o tema que provocou reação rápida de Alckmin foi a eleição de 2018.

“Posso ser vice do Marconi”, sacou de repente o governador paulista.

Humildade medida. O goiano sorriu.

Mais à frente, Marconi devolveria: “Alckmin é meu ídolo”.

Antes, ouviu mais elogios do colega:

“Marconi é o grande líder do Brasil Central.”

Segunda vez que Alckmin diz isso em uma semana. Em menos de três dias.

A primeira foi na sexta-feira, quando os dois se encontraram em São Paulo para uma benvinda homenagem do PHS:

“É uma dupla honra: primeiro, receber homenagem do PHS, que é um partido à frente do nosso tempo, um partido que tem compromisso com o desenvolvimento, com o avanço tecnológico, inovação, com a justiça social, com os valores da pessoa humana. E o prazer ainda maior em receber a homenagem ao lado do meu professor, que é o Marconi Perillo, quatro vezes governador de Goiás, grande líder do Brasil Central e com um trabalho extraordinário dentro de Goiás. E a gente tem de admitir que existe um Goiás antes e um Goiás depois de Marconi Perillo.”

Nos últimos meses, Alckmin e Marconi têm se encontrado bastante, sempre reforçando que estão juntos em um projeto nacional.

Pode ser na construção de uma chapa pura dentro do PSDB, com o paulista como candidato a presidente.

Mas pode ser principalmente, como primeiro ato, a tomada de comando do partido, com Marconi assumindo a presidência nacional.

Não é segredo que Alckmin e Aécio Neves, o atual presidente, travam uma disputa interna dura, e que o resultado desse embate certamente definirá o candidato e o futuro da legenda no ano que vem.

Para Marconi, o jogo nacional é o próximo passo de uma trajetória que já o levou longe, a quatro mandatos de governador.

Pode levá-lo a se eleger pela segunda vez senador, ano que vem.

Caminho natural. Mas o que ele sonha e busca é o que considera seu possível grande salto: uma vice, ou, quem sabe, a Presidência.

Marconi e Alckmin juntos é um casamento de conveniência mútuo com rendimentos políticos calculados.

Na conversa deste domingo, além de mostrar respeito às regras do jogo e um ao outro, deixaram claro que estão jogando sério, pra valer.

E que estão preparados.

Alckmin animou-se tanto que deixou escapulir que os 27 governadores têm um grupo no WhatsApp, no qual discutem temas de interesse comum.

Uma inconveniência, talvez. Mas nada comprometedor. Notícia. Tempero.

No final, os dois tucanos louvaram as redes sociais, antes de sair em grande estilo, no auge de uma atenção nacional.

Não esticaram conversa, porque o objetivo não era esticar assunto. Era ser assunto.

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Altair Tavares

Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: [email protected] .