Iniciado o governo interino de Michel Temer (PMDB) na Presidência da República, confirmaram-se as pressões de setores do partido, em Goiás, contra a privatização da CELG D e nenhuma sinalização de que o processo será revertido pela Eletrobras e o Governo Federal. O acionista Governo de Goiás, que detém 49% das ações da empresa de energia, insiste na manutenção do processo de venda da empresa para a iniciativa privada.
Em entrevista à Rádio 730, o ex-deputado e peemedebista Sandro Scodro (Ou, Mabel, apesar de não ter a propriedade da empresa) revelou que o processo é “inevitável”. Questionado sobre a privatização da empresa, respondeu:
– A privatização da CELG é uma coisa que o atual Governo de Goiás optou por isso, também. Na verdade, uma parte da bancada, principalmente do PMDB, tem lutado pela não privatização da CELG, mas o Governo de Goiás entende, e eu também, não tiro a razão, de que é necessário estabilizar a CELG. Senão daqui a pouco a CELG não vale mais nada. Mas, é uma questão que está sendo discutida e passos estão sendo dados para que isso ocorra.
Ao ser questionado sobre quais passos, Sandro disse:
– A CELG, para renovar a concessão, para receber o financiamento, para poder pagar algumas dívidas que tinha e renovar a concessão, porque se tivesse perdido a concessão, o que ela valeria? Nada, né? Porque uma concessionária de energia elétrica que perdeu a concessão não vale mais nada. Então, se trabalhou, o Governo de Goiás recebeu uma parcela para poder pagar essas dívidas exatamente para poder renovar essa concessão. Isso daí são passos que vão sendo dados. Ela (A CELG) já vem sendo privatizada ao longo do tempo. Privatizada não, vem mudando de controle, do Estado para a União. Porém, a União não quer ficar com essas companhias, não é só a CELG, tem outras companhias também que a União pretende, logicamente, junto com o Estado de Goiás, que é detentor de metade da companhia, vender ela a um preço bom. Mas a minha visão, e nós temos trabalhado contra, eu, o [Ronaldo] Caiado, José Nelto, que bate em cima da bancada muito duro, nós trabalhamos ao longo dos últimos anos para que não se venda a CELG. Porém, eu acho que esse processo, do jeito que está sendo conduzido, é quase que inevitável.
A explicação do peemedebista mais próximo de Michel Temer, e também de Eduardo Cunha (Entre outros deputados), é de resignação quanto ao interesse do Governo Federal. A palavra “inevitável”, por sí, diz tudo. O processo está em tal condição que os opositores do processo não têm muita margem para pressão. Em entrevista ao Diário de Goiás, Iris Rezende reforçou que a venda da CELG é um retrocesso e que rompeu com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (O PMDB estava no governo dele) por causa de uma medida que abriu a primeira tentativa de privatizar a empresa.
Nas palavras de Iris Rezende:
– Eu rompi uma vez com Fernando Henrique, quando era presidente da República, quando ele assinou uma medida provisória a pedido do atual governador federalizando a Celg, e quando eu apoiei o seu sucessor, candidato José Serra, foi o único pedido que fiz a eles, que não aceitassem o atendimento do governo de Goiás, que queria a federalização. Porque antes experimentamos um momento difícil quando o governador publicou um edital vendendo a Celg, nós aqui nos reunimos, fizemos uma pequena coleta, contratamos um advogado e derrubamos na justiça a privatização, a venda da Celg, quando decidimos apoiar o Serra foi o único pedido que eu fiz, e eles assumiram o compromisso comigo. E, de repente, faltando 30 dias para as eleições, olha a Medida Provisória, aí eu rompi com tudo”, relembrou.
E, agora, Iris chegaria a romper com Michel Temer? Vem aí, as cenas dos próximos capítulos.
Altair Tavares
Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: [email protected] .