O prefeito eleito de Goiânia, Iris Rezende (PMDB), insiste frequentemente no discurso de rompimento da concessão da prefeitura da capital para a Saneago, na exploração da água e esgoto. Pelo contrato, a empresa tem que repassar 5% da receita para a gestão municipal e, é novidade, tem participação no conselho de administração da empresa. A prefeitura constituiu um Agência Reguladora para acompanhar o contrato e outras concessões. Juridicamente, não há nenhum impedimento para a continuidade dele.
Iris Rezende ainda não entendeu que a eleição acabou e os palanques foram desmontados, mas o prefeito eleito continua a dar tons de ameaça ao que classificou como “negociata” durante a campanha eleitoral. Estimulado por aliados, o peemedebista dá sinais de que pensa mais na luta política do que nos reais interesses da população.
O prefeito eleito pensa no futuro? Caso a prefeitura venha assumir, hipótese improvável, a gestão do fornecimento de água, a coleta e o tratamento do esgoto, o peemedebista não pensou que todo desgaste passará para o prefeito de Goiânia. Todos os meses, as contas de energia chegam nas casas dos cidadãos e eles dirigem a dificuldade para pagar contra quem? Claro, ao governo de Goiás.
Não é à toa que um prefeito de Senador Canedo carrega tanto desgaste por causa do fornecimento de água e o tratamento do esgoto. O mesmo pode ser dito sobre a prefeitura de Catalão. A crise hídrica foi um dos fortes fatores que construiu a rejeição ao atual prefeito, Jardel Sebba (PSDB). Em Aparecida de Goiânia, terceirizada para a Odebrecht, também é sabido que a falta de água e a dificuldade com o saneamento geram desgaste para o prefeito e ao governo do Estado.
No campo politico, é péssimo para qualquer prefeito pegar a gestão do saneamento e está mais do que claro. Quando aparece o reajuste anual, contra quem os cidadãos se revoltam? Hoje, em Goiânia, é contra o governo do Estado. Mas, Iris quer que os cidadãos passem a reclamar dele que quer fazer a mais bela administração da vida com a municipalização de um serviço que gera mais desgaste do que benefício politico.
Na história, a quebra da Caixego e do BEG tem capítulo que o povo não esquece. Segundo o prefeito da capital goiana, Paulo Garcia (PT), se Goiânia cassar a concessão da Saneago a empresa vai quebrar. Sem o maior gerador no volume de clientes, sem a concessão que dá condições financeiras para a empresa fazer negociações de capital a longo prazo, o futuro dela será o fim. Ocorre que para operar o saneamento em Goiânia, se isso vier a acontecer, a prefeitura teria que criar uma outra empresa. E, com quem ficaria o ônus do enterro da Saneago?
Marconi Perillo, ao observar o discurso de Iris Rezende sobre a Saneago, pode até pensar em atender ao prefeito eleito e observar o fim da empresa com a atribuição da responsabilidade ao peemedebista. Seria uma visão política que contribuiria para dar um outro troféu ao PMDB. Mas, ele não deve fazer isso. Afinal, é melhor pensar na continuidade da estruturação do saneamento na capital, na ampliação da coleta e tratamento do esgoto, na efetiva distribuição das águas da Barragem do João Leite do que dar ouvidos a ideias desconectadas com a real necessidade da população. Os cidadãos não precisam que prefeitura e Estado briguem por causa do serviço, mas atuem de forma conjunta para um bom atendimento à população.
Altair Tavares
Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: [email protected] .