Acusado de ter sido manipulado, o vídeo compartilhado pela secretária de imprensa da Casa Branca, Sarah Sanders, que mostra o repórter da CNN Jim Acosta afastando de forma agressiva uma assessora que tentava tirar o microfone de sua mão durante uma entrevista coletiva gerou uma onda de críticas à administração Trump.
O presidente e o repórter entraram em um embate na última quarta (7), durante a primeira entrevista coletiva de Trump após as eleições legislativas. Acosta despertou a fúria do mandatário ao insistir em perguntas sobre a caravana de imigrantes da América Central que se dirige aos Estados Unidos e se recusar a largar o microfone quando o republicano tentou cortá-lo.
Após o episódio, o correspondente da CNN teve a sua credencial que dá acesso à Casa Branca suspensa. Sanders justificou a medida afirmando que administração nunca iria “tolerar um repórter colocando as suas mãos em uma jovem mulher que só tentava fazer o seu trabalho como estagiária da Casa Branca”.
A associação que representa os jornalistas que cobrem o governo Trump classificou a suspensão da credencial de “inaceitável” e pediu que a ação, “frágil e equivocada”, fosse revertida imediatamente.
A gravação compartilhada pela secretária de imprensa foi publicada originalmente pelo portal de notícias InfoWars, que promove teorias da conspiração e conteúdo de extrema direita.
Ao site BuzzFeed News, o editor do vídeo negou ter alterado as imagens para aumentar a dimensão do que, de fato, ocorreu. Mas admitiu que, como a gravação foi feita a partir de um gif (um formato de imagem) publicado por outro veículo, na hora da conversão para outro formato, as imagens podem parecer “um pouquinho diferentes”.
Jornalistas usaram as rede sociais para comparar as imagens originais com a gravação divulgada por Sanders para mostrar que houve manipulação. A associação de fotojornalistas da Casa Branca disse que seus membros estão “abismados” com o compartilhamento do vídeo por Sanders e que “manipular imagens é manipular a verdade”. “É enganoso, perigoso e antiético”, escreveram, em comunicado.
O episódio ecoa ações tomadas por governos totalitários para manipular a verdade, disse reportagem do jornal The Washington Post.
A reportagem cita, por exemplo, os esforços de Kim Jong-un para editar as imagens de seu país para favorecê-lo. E também casos semelhantes do passado, como os capitaneados por Stálin e pelo ex-senador Joseph McCarthy, que distribuía imagens editadas de oponentes para sugerir que tinham ligações com comunistas.
Questionado nesta sexta (9) por quanto tempo Acosta ficaria impedido de acessar a sede do governo, o presidente afirmou que ainda não havia decidido e sugeriu que outros jornalistas poderiam sofrer a sanção.
“Eu acho que o Jim Acosta é um homem muito não profissional”, afirmou a jornalistas durante a manhã. “Fosse eu ou o [ex-presidente republicano] Ronald Reagan, ele teria feito a mesma coisa”. O republicano disse ainda que a Casa Branca deve ser tratada “com grande respeito.” (JÚLIA ZAREMBA, WASHINGTON, EUA, FOLHAPRESS) –
Altair Tavares
Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: [email protected] .