Uma avaliação que cresceu após a eleição de 2022 é que pré-campanha bem feita é mais de meio caminho andado para a vitória. No calor dos resultados, políticos, assessores e profissionais de marketing repetiam isso com ênfase. Com o passar dos dias, porém, a agonia de quem perdeu, principalmente, foi perdendo fôlego, e o que era certeza – a importância de uma boa pré-campanha – virou nuvem, mudou de lugar.
Pré-campanha é tempo perdido para quem releva o profissionalismo e a estratégia. E é tempo ganho para quem enxerga aí a oportunidade para se organizar, montar estrutura, colocar em campo sua agenda. Hora de fazer pesquisas, de ouvir o eleitor, conversar com lideranças regionais, afinar o discurso. O leque de possibilidades é amplo.
E tem o aspecto financeiro. Em vez de gasto fora de hora, bem feito o dinheiro vira investimento, com um detalhe: sem a camisa de força da prestação de contas que a campanha propriamente dita requer. Bom, mas isso todo mundo está cansado de saber, certo? Certo, é do mundo da política. A questão é outra: então, por que diabos poucos fazem o que sabem ser melhor e deixam tudo para a última hora?
Deixam para a última hora e agem instintivamente, de forma amadora. Esta é a realidade da maior parte das candidaturas. Aquilo de achar que uma arte bonita, um nome conhecido, dinheiro na capanga elegem qualquer um. O enredo desse filme é elementar: faltou pouco para a vitória… se eu tivesse fechado com aquela liderança… aqui foi dinheiro jogado fora… da próxima vez eu começo mais cedo…
Quem disse que haverá próxima vez? E que economia é essa que, em vez de gastar/investir bem uma vez, prefere-se gastar duas vezes com risco de ter o mesmo resultado, porque com igual modus operandi? Quem se beneficia de verdade desse mecanismo são os candidatos profissionais, que estão sempre em ação. O amadorismo alheio é o combustível de seu sucesso.
A velha história: todos confiam no “Deus-dará”, que são abençoados e Deus lhes dará a vitória. Mas cá pra nós: quem cuida de fazer a sua parte? Deus tá olhando.
Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).