O senador eleito e empresário Vanderlan Cardoso (PP) também ficou surpreso com a proposta do governador elito e senador Ronaldo Caiado (DEM) aos empresários da Associação Pró-desenvolvimento do Estado de Goiás (ADIAL) na quarta, 21. Ao justificar a necessidade de combater o déficit das contas, o próximo governador informou que pretende reduzir em R$1 bilhão os incentivos fiscais para que o dinheiro ajude da recuperação das contas estaduais.
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“Ronaldo governador, toma posse, chama setor por setor. Ele já sabe onde estão as discrepâncias, quem que é. Qual que vai ser a melhoria da arrecadação? Tem que ser por setor, não pode ser genérico”, relatou ele.
O histórico de mudanças feitas na contribuição das empresas que recebem incentivos e benefícios para o fundo Protege não resolveu o problema principal.
“Quando o Marconi aumentou o Protege de 5% para 15% foi um aumento de 200%. Para quem? Para os mortais (empresas comuns). Quem são os mortais? É 99,9% das empresas do Estado de Goiás. Agora, o grosso da arrecadação tá com esses zero alguma coisa, aí. É esse pessoal que tem os privilégios que os outros setores não têm. Por isso que eu digo o seguinte, tem que discutir por setor”, contou o empresário em entrevista exclusiva ao Diário de Goiás.
Para Vanderlan, que ouviu muitos empresários atordoados com a proposta de Caiado, a consequência imediata será a saída de empresas do Estado. “Vai ter uma saída grande de empresas do Estado de Goiás. Os que estão vindo, não virão mais. Os que estão aí, vão procurar outros lugares pra ir”, alertou.
Por outro lado, o senador eleito enxerga que o início do governo Caiado é uma oportunidade para uma profunda mudança em um sistema que privilegia alguns segmentos econômicos com créditos de ICMS que são considerados uma dura renúncia fiscal. Segundo ele, é preicso com com “privilégios de alguns grupos econômicos que estão prejudicando o Estado. Eles têm direito de vender os créditos de ICMS da compra de matéria prima”.
Redução do consumo
Outro alerta de Vanderlan ao governador eleito é o cuidado com as sugestões de técnicos que só enxergam o aumento de imposto como saída para a situação crítica das finanças estaduais. A orientação, inclusive, consta do último relatório da Secretaria do Tesouro Nacional para que o Estado saia da nota “C” para uma avaliação melhor.
Para ele, a solução tem consequência inversa. “A coisa mais simples é aumentar imposto, isso é com uma canetada. Vai cair o consumo, aí, vai arrecadar imposto? Não vai”. Ele cita o caso dos combustíveis e a redução de 20% no consumo depois que aumentou o imposto sobre o produto.
Na semana passada, o empresário esteve no Conselho Nacional do Ministério Público fazendo uma palestra na qual defendeu que o impacto dos impostos é prejudicial para a economia, para o consumidor e para a arrecadação dos Estados.
Contraproposta
Na reunião com a ADIAL, Caiado apresentou a necessidade do Estado de Goiás e deixou aberto o ambiente de negociação para que uma contraproposta seja feita pelas empresas. Portanto, o assunto retomará ao debate após o retorno dele da Inglaterra onde foi participar de um evento sobre gestão pública, esta semana.
Altair Tavares
Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: [email protected] .