28 de agosto de 2024
Publicado em • atualizado em 05/05/2013 às 01:34

Caiado e Vanderlan em ritmo de Obama. Vai que cola!

(Publicado no Tribuna do Planalto, edição 1.378, 05 a 11 de maio)

Cavaleiros andantes sem porto seguro. Coisa bonita, mas sem pé na realidade. Há tempos é assim.
O PT já foi por aí. Chegou a vencer uma eleição com algo parecido, quando Pedro Wilson chegou à prefeitura de Goiânia, em 2000, no vácuo da guerra entre a candidata governista, Lúcia Vânia, e o peemedebista, Mauro Miranda.
Tá certo que havia o que se mostrava como uma outra via, terceira ou quarta, que era Darci Accorsi, então no PTB e que junto com ele o PFL (hoje DEM) e o PPB (PP).
Esses três partidos eram governistas e romperam o cerco. Lúcia para um lado, Darci para outro e Mauro sozinho na chapada, deu Pedro.
É sempre tentador imaginar ser possível construir uma alternativa ao jogo estabelecido. E mais ainda, identificar-se como essa alternativa, esse horizonte diferenciado capaz de conduzir Goiás a um tempo novo… Tempo Novo? Um novo tempo, sem os ranços de hoje etc. etc. etc.
Essa coisa recorrente que vira e mexe dá certo, em vitória.
Vanderlan Cardoso e Ronaldo Caiado juntos por si só já é algo inusitado. Some-se a isso que o primeiro sustentará a bandeira de um socialismo modernoso, com o PSB, e o outro a da direita estabelecida, com o DEM, e a estranheza vira estupefação.
Pois é essa soma de esquerda e direita, como uma famosa foto de Jânio Quadros, que está agora atendendo pelo nome de terceira via no Estado. Ideologicamente, coisa de rir. Na prática, política com pragmatismo de alto grau.
Vanderlan e Caiado estão sem lugar na situação e na oposição liderada por PMDB/PT. Fecharam portas. Assim como fecharam alguns políticos ligados ao ex-governador Alcides Rodrigues (ainda PP, mas dando pinta de que vai sair).
A tal terceira via é então basicamente o único caminho. O caminho possível para eles, não necessariamente para Goiás – ainda que seja, porque podem trazer o novo, de fato, por que não?
O fato novo é que essa unidade, à parte as razões para sua existência, está ganhando musculatura. Está ficando com tutano e começa a ser vista com mais respeito.
Não quer dizer que ameace ainda o governismo de Marconi e cia ou o oposicionismo de PMDB/PT. Quer dizer que deve ser levada a sério.
Chega-se ao ponto de outro assunto vir à tona: melhor todos unidos contra Marconi ou isso mesmo, duas candidaturas razoavelmente fortes em oposição ao marconismo, para uma possível reunião de forças no segundo turno?
Esse debate é bom. Ele não se esgota. E por não se esgotar, mantém a oposição em uma situação de força contra o governo. O que deve se estender aí pelo resto do ano, início do outro, até as convenções.
Ponto, portanto, para a oposição. Mesmo sem saber se ficam todos juntos ou separados, estão em alta. Enquanto isso, Marconi Perillo permanece envolto a um governo em que não manda e pouco tem a mostrar.
Que terceira via é uma coisa que só existirá de verdade no dia em que vencer. Até lá é teoria. Em todo caso, hoje, tem um pé na realidade. É possível.
Caiado e Vanderlan devem estar dizendo um para o outro: “Yes, we can!”
Vai que cola!

Vassil Oliveira

Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).