22 de dezembro de 2024
Publicado em • atualizado em 16/08/2019 às 01:56

Blairo faz o alerta que Caiado também deveria fazer: Bolsonaro pode quebrar o agronegócio brasileiro

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Marcus Vinícius

A entrevista ao jornal Valor Econômico o ex-ministro da Agricultura Blairo Maggi faz um alerta para os riscos da política agrícolas e ambiental de Jair Bolsonaro para os ruralistas, que na sua opinião pode fazer o Brasil perder mercado e levar o agronegócio brasileiro à falência.

A experiência de Blairo Maggi, como maior produtor de soja do mundo e ex-ministro da Agricultura não pode ser ignorada. Por isso, transcrevi partes de sua entrevista, e lanço aqui meus comentários.

O alerta de Blairo é grave:

“Acho que teremos problemas sérios. Não tem essa que o mundo precisa do Brasil. Talvez precisem dos agricultores brasileiros em outros países, mas somos apenas um player e, pior: substituível. O mundo depende de nós agora, mas daqui a pouco se inverte e ficamos chupando dedo”, adverte

Para Maggi, o governo Bolsonaro está “uma verdadeira confusão”.

“O governo não fez nenhuma mudança aqui internamente, não facilitou a vida de ninguém, no entanto estamos pagando um preço muito alto. Acho que teremos problemas sérios. Não tem essa que o mundo precisa do Brasil. Talvez precisem dos agricultores brasileiros em outros países, mas somos apenas um “player” e, pior: substituível. O mundo depende de nós agora, mas daqui a pouco se inverte e ficamos chupando dedo”, disse ele em entrevista ao Valor Econômico.

O ex-ministro chama a atenção para a cláusula do acordo do Mercosul-UE que permite que a Europa barre importações do Brasil. “Essas confusões ambientais poderiam criar uma situação para a UE dizer que o Brasil não estaria cumprindo as regras. E não duvido nada que a gritaria geral que a Europa está fazendo seja para não fazer o acordo. A França não quer o acordo“, acrescentou.

Blairo, que segundo o DCM (Diário do Centro do Mundo) já ganhou o prêmio “Motosserra de Ouro” do Greenpeace em 2005, ainda em seu primeiro mandato como governador de Mato Grosso, o Brasil deve reivindicar soberania sobre seu patrimônio ambiental, mas de forma diplomática, compondo com outros países.

Irresponsabilidade ambiental 

O governador Ronaldo Caiado foi um dos fiadores da eleição de Jair Bolsonaro em 2018. Em que pese suas funções à frente do governo de Goiás,  Caiado é um líder ruralista, tendo sido um dos criadores desta bancada no Congresso Nacional. É ilusório pensar que o desmonte do Inpe(Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e a aprovação de 268 agrotóxicos no país passaram despercebidos na Europa, China ou nos Estados Unidos, cujos consumidores estão cada vez exigentes quanto a sanidade dos alimentos e a preservação do meio ambiente.

O “dia do fogo”, iniciado no dia 5 deste mês por pecuaristas do Sul do Pará, que atacaram fogo nas matas para abrir caminho para pastagens  também choca a comunidade internacional. Segundo matéria de jornal local, a Folha do Progresso, os fazendeiros se sentiram autorizados pelo presidente Bolsonaro à tacar fogo no mato. A Alemanha e a Noruega viram a fumaça e mandaram sinsl claro, congelando os recursos do Fundo da Amazônia. Administrado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Nacional), o fundo foi criado em 2008, no governo do presidente Lula. Ele é composto de recursos financeiros com o objetivo de financiar ações de prevenção, monitoramento, conservação, e combate ao desmatamento do desflorestamento na Floresta Amazônica. Os governos da Alemanha e da Noruega são os principais financiadores do Fundo Amazônia, que conta com mais de R$3,1 bilhões. A Noruega doou 93,3% desse valor, seguido pela Alemanha (6,2%), e a empresa Petrobrás (0,5%).

Chega de cocô

O presidente Jair Bolsonaro deve sair definitivamente do palanque. Deve assumir a liturgia do cargo e parar de falar merda (literalmente) dia sim, dia não.

O escritor e ativista do desenvolvimento nacional Monteiro Lobato, idealizador da campanha ‘O Petróleo é nosso”! que legou ao Brasil a Petrobrás (e nos dias de hoje o Pré-sal), também foi autor de outro movimento para o combate às formigas, que nas décadas de 1930, 1940 e 1950 eram uma praga nas lavouras brasileiras. O mote da campanha era “Ou o Brasil acaba com a saúva, ou a saúva acaba com o Brasil”. Está chegando o tempo em que o agronegócio poderá repetir o slogan, trocando a saúva pelo capitão-presidente. (Com informações do Valor Econômico, Brasil247 e DCM)