O Brasil vive dias de intolerância. Ela se manifesta das mais variadas formas. Na vida política, os vazamentos da Operação Lava Jato, e o seu contra-fogo, a Vaza Jato, patrocinada pelo site The Intercept, revelam os intestinos da República, onde o processo que levou à criminalização da política, a partir da deflagração da operação na “República de Curitiba”. De 2013 para cá as ruas foram tomadas de radicalismo. O Judiciário suplantou os demais poderes, e deste desequilíbrio deriva os problemas que lançaram o país num cenário de paralisação da vida política, econômica e social.
Soma-se à radicalização política, o açodamento de grupos que utilizam a religião como escudo para desmandos, defendendo nas ruas teses que nada tem haver com os ensinamentos do Mestre Jesus, como o armamento da população, pena de morte, perseguição às mulheres, negros, homossexuais e aqueles que não pensam dentro deste formato fascista.
A marcha que saiu nas ruas no último domingo exemplifica bem este momento surreal da vida nacional, com grupos que pedem o fechamento do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal, e que condenam os príncípios básicos de nossa Constituição Federal, como o Estado laico e os direitos individuais e a liberdade de imprensa.
Digo isto para parabenizar o projeto de lei assinado pelo prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (MDB) na última segunda feira, que regulariza os imóveis públicos ocupados por entidades religiosas de Aparecida de Goiânia.
A princípio a sanção da Lei Municipal 3.480, de 24 de junho de 2019, parece algo simples, uma vez que a Lei Maior garante a liberdade de culto e credo no país. Mas vivemos dias de excepcional incomplacência, onde no Rio de Janeiro e aqui no Entorno de Brasília, há relatos da ação de criminosos que põe fogo em terreiros de umbanda e candomblé, de perseguição a casas espíritas e de violência contra religiosos de outras matizes como padres católicos, líderes muçulmanos ou judeus.
Com muita sensibilidade, Gustavo Mendanha determina que A lei passa a vigorar para templos religiosos, como igrejas, mosteiros, sinagogas, terreiros de umbanda e candomblé , centros espíritas, centros de catequese, conventos, casa paroquial e congêneres que foram consolidadas até 31 de dezembro de 2016.
“Essa sanção é importante para os fiéis, para o povo e acima de tudo para a cidade e para o bom trabalho que as entidades religiosas vêm exercendo no município”, enfatiza Gustavo, salientando que “Aparecida é conhecida por ter um povo de muita fé, religiosidade e trabalho social. A regularização vai fortalecer as entidades religiosas para que possam continuar com os trabalhos sociais e de fé no município”.
Aparecida de Goiânia surgiu em 11 de maio de 1922, com a fundação de uma capela em louvor à Nossa Senhora Aparecida, consagrada pela Igreja Católica como Padroeira do Brasil. Nosso país, “descoberto” em 21 de abril de 1.500, foi avistado do mar pelas caravelas portuguesas que traziam nas velas a marca da sagrada Cruz da Ordem de Cristo ou Cruz de Portugal, que é o emblema da histórica Ordem de Cristo, (também chamada Ordem dos Cavaleiros de Cristo) de Portugal.
Entre as bem-aventuranças do Sermão da Montanha, Jesus Cristo prega: “Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados Filhos de Deus”.
As bem-aventuranças são os ensinamentos que, de acordo com o Evangelho segundo Mateus, Jesus pregou no Sermão da Montanha, (Mateus 5,1-12), e, que de acordo com o Evangelho segundo Lucas, (Lucas 6, 20-49), Jesus pregou no Sermão da Planície, para ensinar e revelar aos homens a verdadeira felicidade.
Bem aventurado o governante que prega a paz e a concórdia entre os homens. Neste Brasil onde o Chefe Maior do Executivo prega de Brasília um discurso de intolerância e segregação, é importante destacar cada exemplo eleve os homens e mulheres à coexistência pacífica. Bem aventurada seja a lei sancionada por Gustavo Mendanha, e que o seu exemplo seja seguido por outros prefeitos em Goiás e no Brasil.