28 de agosto de 2024
Publicado em • atualizado em 12/02/2020 às 23:56

Ao negar déficit na prefeitura, Iris acusa Bittencourt de “irresponsabilidade”

O ex-prefeito de Goiânia, Iris Rezende, reagiu contra a afirmação do ex-deputado e pré-candidato a prefeito de Goiânia, Luis Bittencourt, sobre contas deixadas pelo peemedebista na prefeitura de Goiânia, em 2010. Iris teria deixado R$400 milhões de déficit nas contas da administração da capital.

Em entrevista à Vinha FM, Bittencourt afirmou que “o prefeito atual, herdou uma gestão altamente comprometida, do ponto de vista orçamentário, com grande desequilíbrio, não pode falar, a Prefeitura foi transformada em uma plataforma eleitoral, todo mundo sabe disso, as obras com conotação de monumento e (…) Ele (Paulo Garcia) pegou um déficit de mais de R$ 400 milhões”.

A reação de Iris Rezende, em tom de voz bem alto, no dia 17/03, foi contundente. “Que absurdo uma declaração dessa, que inconsequência, que irresponsabilidade de uma pessoa, de um pré-candidato”, declarou ele, em entrevista à Rádio Vinha FM (17/03/16), no Jornal Realidade.

“É conversa fiada, é irresponsabilidade, eu estou dizendo. O dia que eu deixei a Prefeitura de Goiânia, no dia 31 de março de 2010, para ser candidato a governador, sabe quanto de dinheiro nós deixamos no caixa da Prefeitura? (…) quase R$ 200 milhões”, disse Iris Rezende.

O assunto foi repercutido pelo prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), na prestação de contas realizada na Camara Municipal, na sexta, 18/03/16. “Eu recebi na Saúde, R$ 200 milhões liquidados na Saúde, sem um centavo em caixa na Saúde. Nunca falei isto para ninguém. Se preconiza por aí que recebi a Prefeitura de Goiânia, com R$ 180 milhões em Caixa, pode ser verdade. Mas só na Saúde, sem contar com reflexo do Plano de Cargos e Salários que os senhores aprovaram no meu primeiro dia de mandato, que tem uma repercussão na folha que jamais este município teve. Eu paguei esta dívida sem falar para ninguém”, argumentou o prefeito. (Leia detalhes no Blog do Samuel Straioto).

Ao observar a sequência de declarações, ficou mais claro o motivo pelo qual o prefeito de Goiânia fez afirmações duras, em relação aos administradores anteriores a ele, incluindo Iris Rezende, Pedro Wilson e até Darci Accorsi. O fato, também, evidencia o distanciamento entre o PMDB e o PT e confirma que os dois partidos entram rompidos na eleição de 2016, na capital.


Entrevista de Iris Rezende, à Vinha FM (17/03/16)

Entrevistador – Como o senhor reage e que tipo de evidência contrapõe a essa declaração?

Iris Rezende: A coisa que eu jamais temi foi prestar contas ao povo dos meus atos, das minhas ações político-administrativas. Aquilo que eu disse no início, muitas vezes o cidadão não tem que o que apresentar ao povo para justificar um projeto, ele vai botar defeito nos seus concorrentes. Bem, mas eu posso dizer que isso não é verdade. Eu deixei a Prefeitura [de Goiânia] há quase sete anos. Eu governei a Prefeitura no primeiro mandato, no segundo, um ano e três meses.

Entrevistador: O senhor às vezes não vai até o final.

Iris Rezende: Há quase sete anos, eu deixei, transferi a Prefeitura para o vice [Paulo Garcia], porque fui convocado para ser candidato a governador pelo meu partido. Isso é outra história. Bem, no dia que eu deixei a Prefeitura, você veja bem que absurdo uma declaração dessa, que inconsequência, que irresponsabilidade de uma pessoa, de um pré-candidato.

Entrevistador: Ele teria provas disso?

Iris Rezende: Não, não tem nada. É conversa fiada, é irresponsabilidade, eu estou dizendo. O dia que eu deixei a Prefeitura de Goiânia, no dia 31 de março de 2010, para ser candidato a governador, sabe quanto de dinheiro nós deixamos no caixa da Prefeitura?

Entrevistador: Com extrato comprovado?

Iris Rezende: Quase R$ 200 milhões. R$ 126 milhões de imposto municipal, R$ 20 milhões que o Ministério do Turismo mandou para reforma do Mutirama, que eu consegui lá e não cheguei a aplicar um centavo, ficou em caixa. R$ 20 milhões que o Ministério de Desenvolvimento Urbano, era o ministro Geddel, fui lá, deixei um requerimento para ele dar uma ajuda à Prefeitura. Ele ia deixar o Ministério e veio deixar o cheque de R$ 20 milhões para a Alameda Botafogo, as obras da Alameda. R$ 12 milhões que os deputados federais apresentaram como emenda de bancada para a Leste-Oeste. São aí R$ 52 milhões, mais R$ 126 milhões. Quase R$ 180 milhões de caixa. Não deixei um centavo de dívida, porque eu pagava tudo à vista. Nunca compramos uma caixa de fósforo a prazo. Porque eu centralizava tudo. Eu realizada, autorizava uma licitação para uma obra, segundo o dinheiro que estava em caixa, se podia pagar no ato da medição da obra. Asfaltamos 134 bairros em Goiânia, dividido em 18 blocos. 18 empresas locais e nacionais vieram asfaltar. Foi o maior projeto urbano de pavimentação no Brasil. 134 bairros. Eu pagava tudo à vista, no ato da medição. Eu estava asfaltando 134 bairros habitados, na sua maioria, por pessoas que vivem de salário. Então, o pagamento da taxa de asfalto ia trazer tumulto na vida. A Prefeitura tinha tanto dinheiro em caixa, que eu mandei uma lei para a Câmara isentando do pagamento da taxa de asfalto, de pavimentação, os proprietários que tivessem apenas um imóvel construído. A Câmara apresentou uma emenda – Construído ou não. Eu sancionei. Eu pergunto: não cobramos asfalto de ninguém porque não precisava. Construímos mais de 20 parques em Goiânia, reformamos as nossas praças, aumentamos a matrícula dos Cmeis, do ensino infantil, onde o casal que trabalha fora coloca sua criança lá de manhã e busca a tarde. Elevamos de quatro para quase 12 mil crianças no Centros Municipais de Educação Infantil. Porque hoje Goiânia se lembra de mim? Faz-se pesquisas, eu estou lá na frente, sem dizer que sou candidato. É pelo meu passado, meu passado de responsabilidade, de competência administrativa, de honradez no trato da coisa pública. Veja se deixei algum rastro que merecesse censura na Câmara, na Prefeitura, nos governos estaduais. Não. Sempre fui duro, severo, mas responsável. Nunca tirei férias, nem meus secretários, quando prefeito ou governador. Trabalhava a semana inteira, chegava sábado e domingo, quando governador, era Governo Itinerante no interior para estar no meio do povo; quando prefeito aqui, eram mutirões nos bairros para resolver os problemas dos bairros e sentir o sofrimento da população.

 

 

Altair Tavares

Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: [email protected] .