07 de agosto de 2024
Publicado em • atualizado em 11/02/2014 às 14:25

Anápolis é o centro das atenções

Nenhuma cidade atrai tanta atenção nestes tempos quanto Anápolis, terceiro maior colégio eleitoral de Goiás.

Dois pré-candidatos a governador têm a localidade como base eleitoral: Antônio Gomide (PT), o atual prefeito, e o empresário Júnior do Friboi (PMDB).

Em terra tão ciente de seu valor, é razoável dizer que isso lhes dá evidente vantagem.

Friboi pode ainda contar vantagem por ter o apoio de outro conterrâneo muito respeitado: Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central. Meirelles, no entanto, foi presidente do BC nos governos de Lula, petista como Gomide. Empate?

O governador Marconi Perillo (PSDB) não é de lá, mas é cria de lá o seu padrinho político – embora nascido em outro canto –, o ex-governador Henrique Santillo. E pode-se dizer que foi lá que amarrou suas vitórias em 1998, 2002 e 2010. A expectativa é de que mantenha a vantagem.

Mas será que mantém? Vai depender muito da reação da cidade nas urnas, à ligação dele com outro filho local que ganhou notoriedade nos últimos anos: Carlinhos Cachoeira.

Cachoeira e Marconi formam uma dupla do barulho, em virtude das denúncias surgidas no rastro da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal. O efeito da parceria é uma incógnita.

Vai depender de como Anápolis avalia Cachoeira, e se realmente está ressentida com um certo esquecimento do governador durante os primeiros anos de seu governo, segundo o que reclamam adversários dos governistas nas ruas. Obras só agora, perto da eleição?

Expectativa contrária à de Marconi tem Iris Rezende (PMDB). Lá o seu partido amarga derrotas sucessivas. Logo ele que teve como vice Onofre Quinan, ilustre empresário e filho local. Tá certo que sua relação com Santillo tem prós e contras, mas seria este o motivo do descompasso entre ele e a cidade?

A dificuldade dos peemedebistas em ‘entrar’ em Anápolis é notória. Pode ser que, com Friboi, isso seja contornado; com Iris, será um problema a ser superado.

Ronaldo Caiado, deputado federal e presidente estadual do DEM, também tem raízes anapolinas. Se for candidato a governador, pode usar isso. Com propriedade, diga-se.

Só Vanderlan Cardoso (PSB) não tem uma afinidade tão escancarada, positiva ou negativa, com a cidade. Isso é bom ou é ruim?

Posso dizer que, pra mim, Anápolis merece a atenção. Pela população, pela força econômica, por formar e dar base a políticos tão destacados.

Mas assumo: digo isso também por puro sentimentalismo. Um pouco para me “gambar”, como diria meu tio Tonico, arregalando os dentes (até vejo!).

Cresci em São Miguel do Passa Quatro e Vianópolis, na região da Estrada de Ferro. Mas nasci em Anápolis.

Sou anapolino na certidão de nascimento e com orgulho. Principalmente, é de lá o meu nome.

Orgulhosamente, carrego o nome de um médico que tem história maiúscula: dr. Vassil Vasconcelos. Que se pronuncia ‘Vássil’.

Foi ele que me trouxe à vida um mês antes do combinado. Pra não morrer pagão, batiza logo, ensina a Madre Igreja. Batizaram. Por milagre, não morri. E ganhei como padrinhos meus avós maternos, Izídia e Zequinha. Madrinha-vovó e padrim-vovô, eu sempre dizia, em criança, levantando o nariz de sabichão do interior.

Meus pais contam que voltamos para Silvânia – sede do distrito de Passa Quatro – de trem. Voltei inspirado pelo cerrado que emoldura a estrada que me faz sentir em casa ao longo de toda sua extensão. Sou este movimento contínuo, embalado em berço de ferro e sentimento seguindo em frente.

Anápolis é endereço de nobres. Nobres conterrâneos, posso dizer. E tão Goiás.

Vassil Oliveira

Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).