Tenho a impressão de que quanto mais velho a gente fica, menos capacidade para fazer novas amizades a gente tem. Não sei se por culpa da vida adulta, da correria do dia a dia ou da perda de interesse pelo cultivo de laços. Mas é fato. A idade aumenta enquanto a lista de contatos amigos diminui.
Os bons e velhos amigos do peito, mais chegados, das antigas, esses permanecem. Já se acostumaram com os encontros bimestrais, as conversas cotidianas rápidas e a lista para atualização dos últimos fatos não compartilhados.
A amizade à moda adulta não exige que os amigos estejam lá o tempo todo, estão livres para irem e virem quando bem entendem. Mas, por incrível que pareça, sempre aparecem quando mais se precisa, sem nem ser necessário chamar. Amizades antigas têm dessas, a gente cria uma espécie de radar. Fulana tá sumida, vou lá verificar.
A vida adulta exige muito da gente. Não há tempo para cobrar presenças, impor permanências. Amizade de adultos se torna uma escolha. É um esforço mútuo para manter por perto quem nos viu crescer durante os anos.
Mesmo que a agenda esteja lotada, a rotina seja caótica e estejamos repletos de obrigações até a tampa, nos esforçamos para estar presentes, reforçar laços, manter conexões.
Quem sabe, more aí a dificuldade para incluir novos candidatos à amigos. A vida adulta atropela a gente. Amizade é frágil feito planta, se não regada, morre, e na correria da vida, poucos são os que se lembram de aguar amor. Na vida adulta é preciso escolher quais plantas a gente deseja regar. Quanto maior o jardim, mais difícil será cuidar e manter vivo.