02 de setembro de 2024
Publicado em • atualizado em 26/02/2018 às 20:04

Agredida pelo homem, “natureza” dá o troco e castiga Goiânia

Trecho da Marginal Botafogo destruído pelas chuvas em 2017 (Foto: Arquivo Diário de Goiás)
Trecho da Marginal Botafogo destruído pelas chuvas em 2017 (Foto: Arquivo Diário de Goiás)

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Goiânia foi fundada em 24 de outubro de 1933, a partir do lançamento da Pedra Fundamental. A transferência da capital ocorreu por diversos fatores, como: políticos e geográficos. Aqui quero chamar atenção apenas para os fatores geográficos. Uma região com poucas montanhas e com água em abundância. Documentos históricos indicam que estes pontos chamaram atenção de Pedro Ludovico para estabelecer a nova capital. Os políticos que o sucederam e até os dos atuais dias, desconsideraram o potencial das águas e um fator natural que era aliado se tornou um ponto de preocupação.

Historicamente, governantes permitiram verdadeiros crimes no meio ambiente da capital. Aqui vou destacar alguns. O aterramento de vários cursos d’água, por exemplo, até meados dos anos 1960 existia uma grande cachoeira nas proximidades do Córrego Cascavel, próximo ao atual Cepal da Vija Abajá na região de Campinas. Hoje é o leito da Avenida Leste Oeste.

A invasão de áreas de preservação ambiental, por exemplo, um córrego que nasce na área do Clube dos Oficiais da Polícia e Bombeiros Militares, passando pela Rua 87, ponto de inúmeros alagamentos, seguindo pela área da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Goiás (FAEG) chegando até a região do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás. O Bosque dos Buritis ao longo dos anos foi perdendo espaço, inclusive com invasão do poder público, no caso a Assembleia Legislativa de Goiás.

A construção de prédios e a mudança de drenagem no lençol freático. Água que deveria ficar no solo é jogada e desperdiçada do asfalto. Construções próximas ao Parque e Shopping Flamboyant, do Vaca Brava, do Parque Cascavel são alguns exemplos. Ainda a canalização de córregos, entre eles o Botafogo que deixou de ser um imponente córrego para virar um corredor de esgoto no meio de Goiânia.

Acima alguns fatos de como a natureza foi agredida na cidade. Não houve a devida preocupação em proteger mananciais e áreas de preservação ambiental. Ser a “cidade dos parques” não é suficiente. A natureza vem dando respostas aos governantes e a população que ainda não abriu o olho.

No período de estiagem, nossas torneiras ficaram secas. Como destacado acima, a cidade foi escolhida pela quantidade de mananciais existentes. Moradores, comerciantes, famílias ficaram sem água para as necessidades mais básicas. Dizer que tem uma reserva de água ao norte da cidade que dá para abastecer até quase 3 milhões de pessoas foi apenas um discurso governamental que não atendeu aos anseios da população.

No período de chuva um verdadeiro desastre. Goiânia está impermeabilizada, a água que cai da chuva, deveria ir para o lençol freático, deveria ser uma importante reserva para o período de seca.

No entanto, a água escorre pelo asfalto de uma forma violenta, arrancando tudo pela frente, por exemplo, destruindo uma Marginal Botafogo, mal planejada, mal construída. A força da água arrebenta as frágeis paredes de concreto, lavam a terra, e consome o asfalto. Resta a prefeitura fazer um remendo no local, se lamentar pela força da água que rompeu a construção humana e dizer que precisa fazer uma intervenção com novos parâmetros de engenharia no local.

Mediante a ineficiência do poder público estadual e municipal, nós cidadãos podemos fazer nossa parte para ao menos amenizar o quadro. Podemos, por exemplo, recompor as matas ciliares, aproveitar a água da chuva para economizar a nossa reserva no período de seca.

Aumentar o espaço permeável nos quintais e no caso de edifícios, cobrar para que as construtoras tenham as caixas de contenção e não fiquem simplesmente esparramando e desperdiçando água em vias públicas, destruindo o lençol freático e acabando com o asfalto nas ruas e avenidas da cidade.