13 de setembro de 2024
Publicado em • atualizado em 13/02/2020 às 01:28

A sangria do Brasil

Um Michel Temer sangrando não é exatamente um mal negócio para partidos e líderes de olho na sucessão do ano que vem. Seu sangue é alimento para adversários sedentos de poder sem contestação, com cardápio completo, que só virá pelas urnas.

Do jeito que está, Temer perde mesmo ganhando sobrevida no TSE, onde seu futuro está sendo julgado na forma de apreciação das contas de campanha com ou sem propina da Odebrecht. Ele perde porque não há ilusão quanto ao que está em disputa.

A votação no TSE é um show à parte. Não convence ninguém a tentativa de se transformar uma partida de futebol com resultado definido em uma discussão jurídica de ponta. Não tem ponta, a não ser pontas soltas nas desculpas cada dia mais desconexas do presidente para explicar fatos com sofismas, ou pós-verdades, como queiram.

Temer é protagonista destes tempos negros que governam o País desde o resultado de 2014. Está escrito nas estrelas, nos jornais, está estampado nas delações e nas provas nada circunstanciais. Por mais que se torça a noção de realidade, não dá para imaginá-lo fora dessa assombrosa história de degradação política nacional.

A eleição indireta tem seus pontos positivos, mas para uma parte dos jogadores de Brasília. A direta também tem, porém igualmente para parte dos atletas políticos. As duas partes, no entanto, não podendo obter vitória particular, bem que se locupletam no palanque com a derrota gradual de uma presidência fragilizada.

Assim como Temer se dá por satisfeito ficar no poder ainda que este poder seja frágil, sem aprovação popular e sem qualquer perspectiva senão balançar para não cair. E daí que o povo está descontente? E daí que não o julguem digno do cargo? Ele não foi eleito; foi colocado lá. Lá, fica, custe o que custar. Até porque, convenhamos, nada custa para ele.

Que ninguém se iluda. O que vemos não é uma guerra pelo bem do país, mas uma guerra para ver quem manda no País. Dois lados em guerra entre si, mais um presidente se segurando no cargo com os fins justificando os meios, significa que o lado que deveria importar acima de todos, porque é o que os elege e o que sofre as consequências de tudo, está inevitavelmente sendo derrotado.