A recente sondagem feita pela Signates Consultoria e Pesquisa/O Hoje sobre a percepção do goianiense em relação à “corrupção” indica que o humor do eleitor está pior do que muita gente imagina em relação aos políticos, partidos e instituições. 55,4% dos entrevistados disseram que os que entram em cargos ou empregos públicos se envolvem em atividades corruptas. Outros 25,5% afirmaram que metade dos que entram em cargos públicos agem irregularmente. O julgamento pode ser exagerado e muito injusto, mas é uma percepção do momento.
Os dados revelam um eleitor influenciado em demasia pela cobertura dos meios de informação quanto ao tema corrupção. Entre os entrevistados, 88,01% disseram que tem acesso à aplicação das verbas públicas pela cobertura jornalística de telejornais e jornais impressos e digitais. A pesquisa ouviu 392 eleitores de Goiânia, entre os dias 15 e 17 de agosto de 2015. A margem de erro é de 5 pontos para mais ou para menos. Acesse mais dados da pesquisa no meu blog, no Diário de Goiás.
A imagem dos partidos políticos não é nada boa para o eleitor goianiense consultado pela Signates Consultoria e Pesquisa. Ao incentivar a atribuição de uma nota aos partidos quanto à corrupção, o PT aparece em primeiro (9,1) e o PSDB em segundo (8,1). Em terceiro, o recém-criado PSD (7,9) e o PMDB em quinto (7,8). Pela ordem, PSB (7,8), PP (7,8), PTB (7,8), PDT (7,7) PR (7,6) e DEM (7,5). No inverso, PCdoB tem a menor nota: 3,5.
O PT aparece em primeiro lugar, mas a distância entre os outros partidos não evidencia uma percepção muito diferente em relação aos outros partidos, exceto o PCdoB. A imagem dos partidos políticos, que já era ruim, parece que está ficando cada vez pior com a atribuição da corrupção às agremiações partidárias. O julgamento do eleitor goianiense, nesta pesquisa, é duro contra o PT, mas não há muita diferença entre os outros partidos. Em termos de imagem, eles tem que reconquistar o eleitor, pois a crise política atual atinge a quase todos.
A percepção de corrupção do eleitor goianiense, em notas atribuídas a várias instituições, também coloca os partidos políticos, a presidência da República e os prefeitos com nota 8,7 numa escala até 10. Segundo a metodologia da pesquisa, quanto mais alta a nota, maior a percepção da corrupção relacionada a critérios de análise. Deputados estaduais e federais vem em segundo com nota 8,6.
Os dados, com as notas atribuídas, revelam que as instituições políticas precisam, urgentemente, estabelecer ações e estratégias para a reconquista do eleitor. O sentimento do goianiense pode ser analisado dentro do contexto da próxima eleição para prefeito, pois os candidatos vão enfrentar um eleitor muito mal humorado e profundamente desconfiado dos integrantes das esferas políticas.
Segundo a pesquisa, há uma percepção dos eleitores goianienses de que a corrupção aumentou nos últimos 10 anos (35,5%). Outros 34,7% disseram que perceberam o mesmo aumento nos últimos 5 anos. Assim, o novo cenário político implica que os candidatos a prefeito, e os atuais gestores, terão que fazer profundos compromissos de combate à corrupção. A criação de comitês de combate à corrupção, como foi feito em Goiânia, e no governo de Goiás, são iniciativas que estão nesta linha. No entanto, a existência das estruturas de anda adiantará se o eleitor não perceber ações práticas e objetivas.
Não há dúvida, em 2016 teremos uma eleição pautada pelo tema da corrupção e, certamente, de compromissos e programas voltados para o combate a esse fenômeno que, mostra a pesquisa, é muito mais percebido agora do que em tempos anteriores.
Altair Tavares
Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: [email protected] .