Os prefeitos estão entre a cruz e a espada. No recrudescimento da pandemia da Covid, ou priorizam o bem público ou o bem pessoal.
Pensando bem, cruz e espada traduzem mal a situação.
Esse dilema nem deveria existir na cabeça dos prefeitos, afinal eles foram eleitos para administrar segundo o interesse social. Ou alguém advoga o contrário?
É um contra-senso o esforço do governador de Goiás Ronaldo Caiado para convencer os gestores municipais da necessidade de engajamento às medidas de combate ao coronavírus, visto que o interesse público deveria pautar naturalmente as ações de todos eles.
Ouço alguns prefeitos e vereadores contrariados com Caiado porque ele tem liderado medidas que (ao menos inicialmente) contrariam a opinião pública. E isso criaria dificuldades para eles nos municípios.
Fechar comércio para evitar a propagação da COVID? Exigir protocolos? Que maçada – pensam os incautos.
Ocorre que opinião e interesse públicos nem sempre andam de mãos dadas.
A pressão sofrida pelos administradores municipais não é caso de vida ou morte política. Já a tibieza dos tais é, sim, caso de vida ou morte para a população.
O esforço deveria estar centrado em outra direção: a discussão das melhores medidas conjuntas, e como implementá-las.
Deixar com Caiado o desgaste e fazer o jogo do populismo inconsequente é lavar as mãos não em relação ao futuro político dele, mas ao futuro de cada comunidade.
É a chamada esperteza com a vida alheia.
Penso ainda em outra coisa: nos prefeitos que se espelham no sucesso do ex-prefeito, ex-governador e ex-ministro Iris Rezende como gestor público.
Pois uma coisa que sempre o caracterizou foi justamente a coragem para ir contra a corrente quando necessário.
Iris sempre foi do tamanho dos cargos que ocupou, por encará-los como missão divina. Daí sempre ter saído maior de todos os cargos que ocupou.
Entre a cruz e a espada, Jesus não titubeou.
Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).