O encontro de Paulo Garcia com a presidenta Dilma Rousseff carrega um curioso simbolismo.
Há tempos, quem chega a Dilma – ou diz que chega – e capitaliza os benefícios e obras do governo federal em Goiás é o governador Marconi Perillo (PSDB).
Não são gratuitos os rasgos constantes de elogios dos governistas goianos à presidenta. Elogios que vão exatamente em sentido contrário aos quase xingamentos destinados ao ex-presidente Lula.
Marconi escolheu Lula como inimigo e Dilma como sua deusa. É a mesma estratégia da chamada grande mídia, que bate em um e elogia a outra sistematicamente, numa vã tentativa de colocar um contra o outro.
Com Marconi agindo assim, raro é o líder da oposição em Goiás que consegue chegar ao coração do poder em Brasília. Raro quem toca o coração de Dilma, e sai de um encontro com ela anunciando algo de vultoso capital político, antes que Marconi já o tivesse feito.
Daí o simbolismo do encontro entre Dilma e Paulo.
Paulo foi, fez foto e anunciou uma ação federal. Capitalizou bem.
Está aí um sinal de Dilma de que agora vai dar menos espaço para Marconi sair-se bem na foto nas costas do governo federal e olhar mais para a oposição ao tucano em Goiás?
Ainda: será que está aí a indicação de que agora tem um interlocutor no Estado e que este interlocutor é Paulo Garcia?
Paulo Garcia teve uma vitória convincente, tem uma ligação ‘filial’ com o principal líder do principal partido da oposição – Iris Rezende – e agora mostra ligação direta com aquela que vinha sendo como que uma inatingível companheira para os goianos oposicionistas.
Paulo Garcia está mais forte do que nunca.
Dilma está olhando para Goiás e, segundo boa fonte, tem profundo conhecimento do que se passa aqui.
Isso quer dizer o quê mesmo?
Bem, quer dizer.
Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).