A contestação do governo de Goiás quanto à cobertura dos veículos da Organização Jaime Câmara, sobre a manifestação do dia 21 de abril e a cobertura da Operação Monte Carlo, é um momento que merece uma reflexão sobre as relações entre mídia e poder. Para isso, é necessária a leitura da íntegra dos documentos.
Conforme publicação no Jornal O Popular de hoje, página 6, estes são os documentos.
NOTA DO GOVERNO DE GOIÁS À TV ANHANGUERA/OJC
“O governo de Goiás vem mais uma vez manifestar sua estranheza e repúdio com a forma pela qual o setor de jornalismo da OJC vem sistematicamente e de forma equivocada noticiando os fatos relacionados à Operação Monte Carlo.
Trata-se de uma visão desconectada dos fatos e da realidade. No sábado (21/4), no Jornal Anhanguera, a chamada para a notícia da passeata do movimento nacional pela ética na política afirmou que se tratava de um movimento contra o governador Marconi Perillo, como se este fosse o objeto da manifestação.
Um equívoco enorme. Tratava-se, notoriamente, de uma manifestação nacional, realizada em mais de 20 Estados, em defesa da ética na política, contra a corrupção e pelo julgamento imediato do mensalão.
O governo de Goiás manifestou por diversas vezes seu apoio a manifestações pacíficas e democráticas, prática do governador e do atual governo na condução da administração do Estado.
Na manifestação de sábado em Goiânia, com a presença de 2 mil pessoas, no cálculo da PM, surgiram algumas faixas de partidos que fazem oposição ao atual governo. Ficou claro que se tratava de fato isolado dentro do movimento e que jamais poderia caracterizar uma ação “fora Marconi’, como a TV Anhanguera de forma leviana noticiou.
O site do jornal O POPULAR estampou, no mesmo dia, chamada para uma inexistente manifestação “fora Marconi” e informando que havia 6 mil pessoas participando do evento. O erro só foi corrigido após telefonema do Gabinete de Imprensa do Governo para o jornal chamando a atenção para a realidade dos fatos.
Causa-nos preocupação e decepção a insistência com que a maioria dos veículos da OJC, especialmente a TV Anhanguera, vem de forma sistemática tentando desestabilizar o atual governo, através de notícias maldosas e desconectadas dos fatos e da realidade.
A OJC é uma empresa que surgiu e cresceu em Goiás e teve e tem papel destacado no desenvolvimento de nossa economia e de nossa sociedade. A forma pela qual vem tratando os episódios relativos à Operação Monte Carlo claramente se desvia dos ideais da empresa, de seus fundadores e de seus proprietários.
O cuidado na divulgação de notícias, a firmeza em não fazer pré-julgamentos, o rigor na seleção dos profissionais que produzem as matérias sempre foram características do jornalismo da OJC. Hoje, percebe-se que existe por parte de alguns dos responsáveis pelo conteúdo dos jornais e telejornais da OJC, especialmente no caso da Operação Monte Carlo, a intenção de estabelecer relações que não existem e evidências que não se confirmam com fatos concretos.
A grande quantidade repetida de equívocos, como os dois casos aqui mencionados, demonstra a indisposição de alguns profissionais da OJC com o atual governo. Queremos e esperamos que as rígidas normas do bom jornalismo, que sempre nortearam as redações dos veículos da OJC, voltem a prevalecer, principalmente em um momento como o que estamos vivendo.
Desestabilizar o governo e o governador, legitimamente eleitos pela maioria dos goianos, não é o melhor caminho para o nosso Estado, especialmente quando, depois de um ano de muitas dificuldades, já são colhidos os primeiros frutos do intenso trabalho feito ao longo dos últimos 15 meses.
O governo de Goiás tem a mais absoluta convicção de que, ao final de tudo, prevalecerão a verdade e a justiça. Mesmo com as tentativas de se criarem dificuldades artificiais e desnecessárias, o governador Marconi Perillo segue firme na defesa dos interesses de todos os goianos e cumprirá todos os compromissos firmados com o povo na eleição de 2010.”
NOTA DA REDAÇÃO ( de O Popular )
“Os veículos da Organização Jaime Câmara têm o compromisso de transmitir a seus leitores, telespectadores e ouvintes os fatos identificados em documentos oficiais, no caso as transcrições e os documentos dos inquéritos da Polícia Federal e do Ministério Público Federal a respeito da Operação Monte Carlo.
Paralelamente a esta cobertura, é obrigação da imprensa buscar subsídios em fontes acadêmicas e com estudiosos para ilustrar situações que afetam ou podem afetar a vida do cidadão, em decorrência de suas interferências no comportamento do Estado em seu mais amplo contexto.
É perceptível para toda a sociedade que a Operação Monte Carlo já repercutiu na vida do Estado. Sendo assim, é inerente a todo e qualquer veículo que pretende manter sua identificação com a população e contar com a sua confiança e credibilidade tratar desses assuntos em sua cobertura jornalística, como estão fazendo a TV Anhanguera e O POPULAR por meio de um sério trabalho desenvolvido por seus responsáveis profissionais.
A exposição e análise de episódios e de momentos políticos, sejam eles a favor ou contra alguma coisa ou alguém, contribuem para que a sociedade faça o juízo de valor necessário para se conservar, através do pleno conhecimento e da transparência, confiante nas instituições responsáveis pela condução dos destinos do Estado.”
NOTA DO GOVERNO DE GOIÁS AO POPULAR
“São exageradas, precipitadas, alarmistas, sem fundamento e em nada contribuem para o esclarecimento dos fatos as afirmações feitas na reportagem Crise institucional, publicada na edição deste domingo (22 de abril de 2012) de O POPULAR. A tese de descontrole das instituições no Estado de Goiás traçada pela reportagem, que cita também um suposto clima de insegurança na economia goiana, é construída a partir de análise e opinião – de analistas, pessoas que não se identificaram e dos próprios repórteres – que não corresponde à realidade dos fatos.
As instituições do Estado de Goiás funcionam completa e normalmente, e as denúncias relacionadas às esferas municipal, estadual e federal, trazidas à tona pela Operação Monte Carlo da Polícia Federal, são pontuais e em nada afetam o funcionamento dos Poderes, que já tomaram as medidas necessárias para afastar e coibir desvios. Isso descaracteriza por completo a tese levantada pela reportagem de descontrole institucional. As conclusões precipitadas pela reportagem, portanto, traçam um falso clima de instabilidade e insegurança, que não atende aos interesses da população goiana.
No caso do governo de Goiás, já foi demonstrado e esclarecido sucessivas vezes que não há qualquer ligação do governador Marconi Perillo com o esquema denunciado pelas investigações. Para garantir a continuidade do pleno funcionamento do Estado, o governador não hesitou em tomar todas as medidas necessárias a partir das suspeitas e conclusões da operação. Os poucos policiais citados nas investigações foram imediatamente afastados de suas funções, auxiliares mencionados nas gravações do inquérito deixaram o governo e os contratos sob suspeição estão sendo auditados.
No caso das polícias, o reduzidíssimo número de policiais citados na Operação Monte Carlo, num total de 15 mil homens que compõem as corporações, torna a tese de descontrole institucional levantada pela reportagem ainda mais irreal. Transmitir para a população um falso clima de suspeição em relação à segurança pública de nosso Estado em nada contribui para o esclarecimento dos fatos, muito ao contrário. Além disso, o governador tem demonstrado sistematicamente que não tolera atos ilícitos e defende punição exemplar para aquelas pessoas que tiverem comprovado seu envolvimento com quaisquer irregularidades.
As ações desenvolvidas pelo governo de Goiás também evidenciam que não há descontrole nas instituições. Na última sexta-feira, o governador Marconi Perillo entregou três bases operacionais da Polícia Militar nas divisas de Goiás com Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapeg), o governo de Goiás lançou o edital de Bolsas de Mestrado e Doutorado e o edital do Programa de Desenvolvimento Científico Regional. A Secretaria de Segurança Pública e Justiça está atuando para garantir que os jogos do Campeonato Goiano transcorram sem violência, além de diversas medidas tomadas para reforçar a segurança no Estado, deflagrando operações para reforçar a tranquilidade da população. A presidência do Ipasgo está sendo transferida para os servidores do Estado, conforme reivindicação da categoria. Na área cultural, Goiânia é sede do 1º Festival Internacional de Dança de Goiás, de 6 a 10 de junho.
Na Educação, um amplo e histórico acordo entre governo e servidores garantiu a continuidade das aulas e da reposição das atividades suspensas em função da paralisação dos professores. Além disso, os interesses da categoria foram atendidos após o amplo exercício do diálogo entre as partes, culminando em um pacto de trabalho que deverá fortalecer ainda mais as bases da educação em Goiás.
Tal acerto, feito a partir de profunda interlocução entre Estado e categoria, não teria ocorrido se houvesse a crise institucional sustentada pela reportagem. Em meio a todas essas ações, o governador Marconi Perillo prossegue a agenda de trabalho e integração com seus auxiliares, promovendo nesta semana nova reunião com seu secretariado para definir o início de novas obras e a captação de investimentos.
Na área da transparência, como já foi dito, a Controladoria-Geral do Estado (CGE) anunciou, na semana passada, a instauração de auditoria nos contratos do Grupo Delta com o governo do Estado. O governador Marconi Perillo baixou decreto estendendo a aplicação da Lei da Ficha Limpa para todo o funcionalismo e instaurou o Conselho de Transparência Pública e Combate à Corrupção para reforçar as políticas de transparência e combate à corrupção.
No plano nacional, o governador Marconi Perillo reuniu-se na semana passada com os governadores do PSDB para discutir mecanismos de melhoria na relação institucional deles com o governo federal, para uma melhor divisão da receita de impostos com os Estados. O governador também obteve recentemente confirmação por parte da Infraero da retomada das obras do aeroporto de Goiânia ainda neste semestre, avançou nas negociações para a conclusão do acordo com a Celg, além de manter a discussão sobre a revisão da dívida do Estado com a União – tendo, para isso, se encontrado com o ministro Guido Mantega por duas vezes nas últimas semanas.
Também no cenário econômico, as notícias são altamente positivas e as ações do Estado, cada vez mais profícuas. O governo de Goiás continua atuando com arrojo para garantir novos investimentos para o Estado, e não há nenhuma desistência efetiva quanto aos investimentos anunciados no ano passado. Prova disso é que o Produto Interno Bruto (PIB) e a geração de empregos em Goiás continuam crescendo acima da média nacional. Nosso Estado subiu uma posição no ranking da renda per capita, aparecendo agora à frente de Minas Gerais. Segundo dados da Secretaria de Gestão e Planejamento (Segplan) divulgados no último dia 3 de abril, no quarto trimestre de 2011 o indicador estimado do PIB trimestral de Goiás cresceu 2,5%, em comparação ao mesmo trimestre de 2010. No período, a indústria registrou o melhor desempenho (4,9%), seguida pela agropecuária (4,1%) e serviços (2%).
É absurda, ainda, a avaliação de que a infraestrutura do Estado corre risco em razão da Operação Monte Carlo. Todos os projetos de readequação e expansão das rodovias estaduais, por exemplo, encontram-se em pleno e normal andamento, dentro do Programa Rodovida, que já iniciou a reconstrução de 4 mil quilômetros de estradas e tem recursos garantidos para sua conclusão até julho de 2013. Ou o Rodovida Urbano, com 13 milhões de metros quadrados de recapeamento em diversos municípios goianos. Sem falar na construção de mais de 1.600 quilômetros de rodovias com financiamento do BNDES, em execução desde já”.
Altair Tavares
Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: [email protected] .